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A Assembleia Geral da ONU e o recuo do multilateralismo

Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro durante gravação de discurso para a ONU. (Foto: Marcos Corrêa/PR)

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O presidente Jair Bolsonaro abriu a 75.ª Assembleia Geral das Nações Unidas em 22 de setembro. Pela primeira vez na história da organização, a plenária da Assembleia Geral estava sem os participantes presentes. Os discursos presidenciais foram transmitidos ao vivo pela tela em Nova York.

Essa fotografia retrata o aniversário de 75 anos de criação da organização. Uma configuração do sistema internacional marcada por uma rivalidade crescente entre EUA e China, somada à falta de respostas e de consenso em torno dos mecanismos multilaterais de concertação política, como a ONU, a OMS e a OMC.

A base que orientou a criação das organizações internacionais foi influenciada pelos impactos nefastos das duas grandes guerras mundiais. A função dessas instituições é diminuir a desconfiança, aumentar o diálogo, aproximar os opostos, construir parcerias e, sobretudo, evitar o confronto armado.

Passados 75 anos de criação das Nações Unidas, a comunidade internacional deixou de lado mudanças que teriam permitido uma nova onda de cooperação entre as nações, como a reforma do Sistema ONU e a configuração dos membros do Conselho de Segurança, o financiamento multilateral das operações de paz, os acordos multilaterais de comércio no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e o engajamento dos países aos acordos-quadro, orientados para limitação das emissões de dióxido de carbono.

Os desafios que a humanidade enfrenta são incompatíveis com o baixo grau de cooperação entre as nações. Mudanças climáticas, contaminação biológica, crise econômica, desigualdade social, migrações forçadas, fome e miséria. Os problemas têm realidades práticas locais. No entanto, sua abrangência é global. Esse desencontro entre indivíduos, chefes de Estado e comunidade internacional impede que soluções cooperativas sejam elaboradas. A falência de uma sociedade internacional é o reflexo da fórmula autocentrada de solução de problemas.

A visão ultranacionalista, antropocêntrica e individualizada é incompatível com os problemas que atingem a humanidade. Essa fórmula já foi testada na Primeira e na Segunda Guerra Mundial, assim como na Guerra Fria. Essa deveria ser a história do século 20, não a do século 21.

André Frota é professor de Relações Internacionais e de Geociências no Centro Universitário Internacional Uninter.

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