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A bandeira da reforma tributária ficou em segundo plano nas eleições

Regimes tributários variam conforme faturamentos de empresas. Calcular os impostos pode ser uma tarefa árdua para leigos.
Regimes tributários variam conforme faturamentos de empresas. (Foto: Shutterstock)

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O Brasil tem assistido à reta final das eleições com olhares atentos, sobre diversos aspectos. Sem estabelecer nenhum juízo de valor sobre determinado candidato, é possível afirmar que, dentre tantas propostas e ideias levantadas, o tema tributário tem permanecido em segundo plano – não por acaso, o tema pouco foi mencionado em debates e sabatinas realizadas recentemente. Afinal, por que falamos tão pouco sobre reforma tributária?

Evidentemente, é sempre importante partir do princípio de que outros setores, como o da saúde, bem como pautas sociais e econômicas, são de suma importância e justificam o interesse da população. Porém, um compromisso não deve, necessariamente, anular o outro. Aprimorar o sistema tributário brasileiro é um objetivo cujo imediatismo é inegável e, sem dúvidas, o próximo a ocupar a Presidência da República terá de lidar com essa urgência.

Nesse contexto, medidas como a criação de um imposto único são discutidas, o que expõe um ponto crítico para a reflexão: é preciso manter uma postura próxima à realidade do Brasil, de modo que todas as iniciativas tenham embasamento técnico para serem cumpridas. Sem um plano de governo robusto relacionado a este segmento, que mire na redução da carga tributária, dificulta-se a aderência e a própria aplicabilidade de propostas como a citada anteriormente.

Enquanto duas propostas de reforma tributária estão sob análise no Senado Federal e na Câmara dos Deputados, a expectativa é de quando as conversas serão retomadas, já que ambas as tramitações se encontram paralisadas. Devido à corrida eleitoral, a unanimidade em Brasília é de que as análises ficarão para 2023. Isso posto, a situação pode parecer, no mínimo, paradoxal.

Claro, se não há viabilidade para executar as atividades que encaminhem a aprovação da proposta escolhida, não seria esse um momento extremamente propício para ao menos discuti-las? É fundamental que a reforma tributária marque presença no debate público, para que todo cidadão brasileiro esteja consciente sobre o que será modificado e aprimorado. Entretanto, para a grande maioria dos candidatos a funções públicas no Brasil, esse não parece ser o caso.

A hora de diagnosticar o que o país precisa para modernizar seu ambiente tributário nunca foi tão propícia. Reduzir impostos, diminuir o excesso de burocracia, simplificar processos e a comunicação entre público e privado são exemplos de contribuições que não devem ser postergadas. E o impacto do tema ainda vai além: segundo uma pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), a reforma tributária representa a principal medida de geração de empregos no Brasil, considerando a gestão do próximo governo.

Os eleitores precisam se informar sobre o que pensam seus respectivos candidatos a respeito da reforma tributária. Não se trata de manifestar diferentes espectros políticos ou linhas ideológicas, mas de fiscalizar, em um período extremamente decisivo para o futuro do país, como e em quais condições a reforma tributária está sendo debatida, para que a sociedade como um todo possa sentir os benefícios prometidos pela reforma, sem meios-termos e sem movimentações distantes de nossa realidade tributária.

Marcelo Simões é graduado em Economia pela Universidade Estadual de Londrina, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, e diretor e cofundador da Comtax.

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