Com o tema "Fraternidade e juventude" e o lema "Eis me aqui, envia-me", tirado do livro de Isaías, iniciamos na Quarta-Feira de Cinzas a Campanha da Fraternidade 2013, para uma busca de compreensão de mudanças ocorridas na sociedade e a presença do jovem no meio eclesial e social. A mudança de época que vivemos no momento atual enfraqueceu a visão de mundo no que se refere a paradigmas tradicionais, a uma nova maneira de conceber a vida e a fé, que se sustenta na fragilidade do pragmatismo e imediatismo.
Para tentar compreender a realidade onde o jovem está inserido, a CF 2013 deseja que eles façam uma experiência de Jesus Cristo colaborando como protagonistas na fraternidade para uma cultura da vida, da justiça e da paz. Uma cultura para a prática do bem comum e do amor desenvolvendo seus dons e seus talentos.
A Igreja quer sensibilizar a todos para a percepção de que vivemos em tempos nos quais a vida vai perdendo seu sentido. As relações tradicionais entre homens e mulheres são concebidas dentro de um novo enfoque. Como compreender essas questões? No tempo presente, há esperança de superar certas lacunas que geram vazio, que se sustentam em uma subjetividade e oprimem a existência humana. Nas últimas décadas, algumas contribuições foram dadas à sociedade. A vida humana passou a ser mais valorizada, a cultura de todos os povos teve seu reconhecimento, avanços tecnológicos possibilitaram uma melhor qualidade da vida humana e uma revolução nas comunicações.
A Campanha da Fraternidade quer ajudar o jovem a construir uma identidade para a solidariedade, para que sejam críticos e não alheios à realidade. Para isso, todas as instituições, igrejas, escolas e universidades são chamadas a construir uma subjetividade sadia, aberta e que valorize a vida. Que todos se sintam impelidos a propagar uma cultura capaz de superar as ondas de morte, identificando o ser humano com sua juventude na história e responsável em ser um agente transformador dessa realidade. Um missionário ou missionária, "sentinelas do amanhã", para a compreensão do momento presente em que está inserido.
Nesta CF, a Igreja Católica quer destacar a opção preferencial pelos jovens. Desde 1979, na Conferência Episcopal Latino-Americana, em Puebla, essa escolha já havia sido feita, mas essa predileção ainda é atual, urgente e necessária. Outro aspecto é a juventude como espaço teológico, um apelo para a inculturação do Evangelho. E, na certeza de que Deus fala com os jovens no momento presente, faz-se necessária uma teologia em que o jovem se complementa com o seu semelhante, bem como a fraternidade para uma Igreja atuante diante da pluralidade que exige respeito e igual dignidade para fazer a leitura dos seres humanos como povo de Deus.
O apelo dessa campanha é para que tenhamos jovens atuantes no mundo do trabalho, em nossas igrejas; estando aptos para construir a vida e encarnar o Evangelho na história em âmbito pessoal, social e religioso. Que esse desejo saia das janelas de nossas catedrais e ecoe em todos os corações que colocam em prática o Reino de Deus no desejo de um mundo melhor.
Padre Rivael de Jesus Nacimento, mestre em Teologia Pastoral pela PUCPR, é coordenador da Ação Evangelizadora da Arquidiocese de Curitiba.