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CURITIBA, 07/07/2006 – ARQUIVO PERMANENTE – POR DO SOL – AR CARREGADO DE POLUIÇÃO EM CURITIBA DEVIDO A ESTIAGEM – FOTO: DANIEL CASTELLANO / GAZETA DO POVO
CURITIBA, 07/07/2006 – ARQUIVO PERMANENTE – POR DO SOL – AR CARREGADO DE POLUIÇÃO EM CURITIBA DEVIDO A ESTIAGEM – FOTO: DANIEL CASTELLANO / GAZETA DO POVO| Foto: Daniel Castellano/Arquivo/Gazeta do Povo

Em agosto deste ano, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicou um relatório que trouxe números alarmantes em relação ao tema, reforçando que o aquecimento de 1,5°C a 2°C será ultrapassado ainda nas próximas décadas se não houver forte e profunda redução nas emissões de CO2 e outros gases de efeito estufa. Esses são dados que trazem ainda mais expectativas à COP-26, que está acontecendo em Glasgow, na Escócia. A 26.ª Conferência das Partes é o primeiro encontro de revisão das contribuições dos países para redução da temperatura em 1,5°C desde o Acordo do Clima de Paris em 2015.

As mudanças climáticas são uma das maiores ameaças que enfrentamos como sociedade, pois, além dos riscos iminentes, demonstram o nosso fracasso sistêmico como humanidade em compreender um problema que é coletivo e precisa ser enfrentado de maneira eficaz se quisermos ter um planeta para as próximas gerações. Os últimos oito anos foram os mais quentes já registrados e a tendência é que isso piore se nada for feito. Esse alerta não é algo novo para a sociedade. Desde que essas discussões começaram, na Conferência de Estocolmo, em 1972, os problemas ambientais já eram pauta, em uma população de 4 bilhões de pessoas e com impacto crescente em relação ao carbono. Com o passar dos anos, na ECO-92, por exemplo, a pauta climática aumentou e culminou no Protocolo de Kyoto, em 1997, que reforçou o compromisso dos países sobre a sua atuação climática e redução de emissão de gases do efeito estufa. Porém aqui estamos, quase 50 anos depois de Estocolmo, e o problema continua (e aumenta).

Nações e países, apesar da necessidade em promover as mudanças para garantir o bem-estar da população e futuro da humanidade, muitas vezes falham em fazer isso acontecer.

Esse é um apontamento comum nas grandes conferências globais. Bons discursos, boas promessas e uma dificuldade em se colocar ações em prática. As nações e países, apesar da necessidade em promover as mudanças para garantir o bem-estar da população e futuro da humanidade, muitas vezes falham em fazer isso acontecer. E isso não é um direcionamento de culpa. Nesse momento, é necessário partir para a ação efetivamente de maneira colaborativa. Os primeiros dias de COP-26 sinalizam um pouco desse olhar para a mudança. A postura dos líderes mundiais está mais voltada para a prática e aumento das ambições.

Um dos primeiros discursos em Glasgow, realizado pelo príncipe Charles, trouxe a tônica de que temos uma última chance de transformar palavras em ações concretas e que o nosso futuro depende dessas ações. O presidente Joe Biden, que logo após assumir o cargo colocou os Estados Unidos de volta ao Acordo de Paris, fez o “mea culpa” dos Estados Unidos como um dos grandes responsáveis pela emissão de gases do efeito estufa e anunciou investimentos financeiros bilionários em medidas de combate ao aquecimento global, além da criação dos green jobs, que já faziam parte do seu plano de governo.

Por outro lado, existe um grande panorama de oportunidades para as empresas. Além dos governos, vemos uma sinalização positiva do mercado financeiro em investir em soluções sustentáveis, além da crescente pressão da sociedade. As organizações podem se aproveitar disso para criar novos produtos e serviços condizentes com esses novos tempos. Além disso, nos próximos dias vamos ver mais compromissos dos governos e com maior pressão para a prestação de contas e transparência em relação às metas.

O Brasil tem, aqui, um longo caminho para seguir e aproveitar esse momento para gerar riqueza para o país no mercado de carbono. O primeiro ponto é garantir essa transparência e recuperar a confiança internacional. Como cidadãos, é importante assumirmos o papel de agentes fiscalizadores dessas metas em nível global, além de sermos conscientes em nossas escolhas do dia a dia. É hora de todos os agentes da sociedade assumirem as suas responsabilidades em relação a uma transição climática.

Gustavo Loiola é professor de Inovação e Sustentabilidade do Isae Escola de Negócios e presidente da América Latina e Caribe dos Princípios para Educação Executiva Responsável (PRME) da ONU.

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