Por que razão Maria das Graças Foster é designada como "presidente" da Petrobras enquanto sua amiga e chefe Dilma Rousseff tem o título de "presidenta" da República? Algo a ver com o show de assertividade, competência e clareza na última terça no Senado, protagonizado pela executiva-chefe da maior empresa do país, a quarta empresária mais poderosa do mundo?

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Essa, evidentemente, não é a questão central da crise que está sacudindo a estatal de petróleo. Como também não é central, ou relevante, a questão da CPI específica ou genérica para investigar malfeitorias dos negócios públicos. Se a Petrobras, a Polícia Federal, o Ministério Público e a CGU continuarem a agir com autonomia, rapidez, firmeza e eficácia, o jogo de sofismas sobre o âmbito da apuração parlamentar pode seguir no ritmo e formato habituais.

Falta fôlego à nossa sociedade para manter acesa uma pauta múltipla. Mas falta ao atual esquema de governança uma autoridade para exercer a autoridade. Alguém (ou agência, ou força-tarefa) capaz de colocar os escândalos semiabertos num pacote único, cobrando resultados diários, amarrando as providências sem esperar as manchetes do dia seguinte.

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A imprensa parece nervosa e desnorteada; talvez este seja o seu papel numa sociedade cada vez mais propensa ao nervosismo e ao desnorteamento. Mas não se pode confrontar a fala de Maria das Graças Foster com a de um subordinado demitido com uma rica compensação para manter-se calado.

Cabe ao governo governar. Com murros na mesa, broncas homéricas ou oferecendo satisfações contínuas, o importante é que o cidadão perceba que alguém está tomando conta da loja. Neste momento, imperam os constrangimentos. Ao contrário de junho passado, desta vez não há lugar para perplexidades.

Nem se pode confiar mais no acaso. Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, caiu na rede de investigações da PF por casualidade. Os agentes da Operação Lava Jato foram à sua casa para investigar algo relativo aos carros, o porteiro avisou: assustado, o executivo convocou filhas e genros para limpar seus computadores – seus telefones estavam grampeados, confessou antes de ser acusado.

Os ponteiros estão correndo, estamos diante de prazos irrecorríveis, fatais: em junho, quando começar a Copa, o caso Petrobras precisa estar encaminhado ao Judiciário. Será um vexame vê-lo ainda nas capas dos jornais. Motins como o de Salvador, na última quarta, não podem repetir-se, muito menos as greves dos policiais militares que insuflam a desordem.

A reeleição da presidente Dilma depende menos do controle da inflação que da sua capacidade de exercer plenamente a chefia do Estado. Não se trata mais de testar sua aptidão para gerenciar crises, mas da competência para mandar e fazer acontecer. Duela a quien duela, como diria Collor de Mello no seu impecável portunhol.

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Inquestionável: Pasadena foi um mau negócio. Alguém deve ser claramente penalizado pelo fiasco – mas não o office-boy que grampeou o resumo da operação levada ao Conselho de Administração da estatal.

Alberto Dines é jornalista.

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