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Sobre suas cabeças paira uma espada. Essa é uma expressão ruidosa, porém, realista, quando se trata da escolha da profissão por jovens estudantes do ensino médio.

A escolha da profissão nunca foi algo tranquilo. Há indecisões próprias da idade, outras motivadas pelo desconhecimento das profissões e mercado de trabalho, e há aquelas produzidas pela pressão dos pais, quando resolvem escolher pelos filhos.

Ano passado, desenvolvi uma oficina de orientação para escolha da profissão com dez alunos do último ano do ensino médio. Apenas um havia já feito uma escolha.

Atualmente, soma-se a essas outra ainda mais séria: os tempos são de mudanças inesperadas e rápidas. Assim, profissões viram fumaça de um dia para o outro. Especialistas dizem que profissões do futuro ainda nem se desenharam no horizonte.

Ano passado, desenvolvi uma oficina de orientação para escolha da profissão com dez alunos do último ano do ensino médio. Apenas um havia já feito uma escolha. Quatro estavam indecisos entre duas possibilidades. A outra metade se debatia com a aproximação do vestibular e as diferentes pressões recebidas: dos pais, para que acatasse as indicações deles; dos colegas de sala, para que resolvesse logo, livrando-se do rótulo dos que “não sabem o que querem”; e, por fim, da escola, interessada em que fizesse a escolha por cursos com nota de corte alta. E quais eram as próprias dificuldades dos estudantes? Todos eles se diziam preocupados apenas em fazer uma escolha que possibilitasse autorrealização e segurança financeira.

Para eles, não se tratava apenas de decidir como ganhar o pão de cada dia. Tratava-se de decisão sobre uma razão para viver. O que desejavam era fazer uma escolha que possibilitasse atuar no mercado de trabalho, oferecendo à sociedade uma contribuição valiosa e obtendo, como consequência, prestígio profissional e sucesso financeiro. No entanto, o bom profissional possui razões mais nobres que simplesmente ganhar dinheiro.

Os problemas ainda não acabaram. Convém mencionar, também, uma outra dificuldade: a escolha da universidade. Não serve qualquer uma. Além disso, os jovens, às vezes, ignoram que não basta escolher a profissão, pois há carreiras possíveis a serem definidas. Outras vezes, ignoram como funciona o dia a dia da profissão desejada. Lembro-me de um garoto cujo pai gostaria de que ele fizesse Direito, mas o jovem queria mesmo era Comunicação. Dizia que sentia tédio somente ao imaginar que teria de passar o dia inteiro dentro de um terno, “oprimido por uma gravata”.

Eis o calvário do estudante do ensino médio na escolha da profissão. Tudo isso deve ser levado em conta pelos pais e educadores, caso realmente se interessem pelo bem-estar dos filhos e educandos, a fim de contribuir para aliviar o peso da espada pendente sobre as cabeças deles.

Nesse sentido, algumas sugestões são importantes: pais e escola devem se unir para oferecer aos jovens os melhores subsídios relativos à orientação para a escolha da profissão; há a necessidade de se conversar bastante com os estudantes sobre o sentido da escolha de uma profissão e de como ela pode contribuir para que se realizem plenamente; os jovens precisam conhecer as rotinas das profissões. Para tanto, colocá-los em contato com profissionais das áreas desejadas é muito útil; os estudantes devem conhecer os diferentes mercados para as profissões que desejam, em quais há maior oferta de empregos e de melhores salários. Mais que isso, talvez, em quais há grandes desafios e maior concentração de profissionais de excelência, bem como oportunidades para empreender; por fim, os jovens precisam saber onde estão as melhores universidades para as profissões que almejam.

Por tudo isso, a escolha da profissão deve começar cedo e não termina com o vestibular. Essa escolha deve ser feita no tempo de cada um. E, se errar, deve-se recomeçar.

José Leão da Cunha Filho, diretor geral do Colégio Marista de Brasília, da Rede de Colégios do Grupo Marista.
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