A realização da COP26, a Cúpula do Clima de 2021, neste mês de novembro em Glasgow, na Escócia, colocou chefes de Estado numa posição delicada, de desconfiança e de cobranças. Ainda que os representantes das nações tenham mostrado empenho na redação de acordos, os países foram cobrados a apresentar metas ambiciosas, que possam, de fato, conter as alterações climáticas. Para se ter uma ideia, desde o encontro de 2009 países pobres e emergentes esperam investimentos de US$ 100 bilhões anuais por parte dos países mais ricos e desenvolvidos para frear o aquecimento global e a emissão de gases poluentes, algo que não passou de promessa. Sendo assim, a falta de concretude tende a prejudicar a situação do planeta.
Mesmo que pareça insignificante, o fato de a cada dia uma nova pessoa se interessar por mudanças em atitudes e pela preservação ambiental é um passo que se dá em direção a um planeta mais saudável. Neste ponto entra a importância que a escola pode ter para seus alunos. Sabemos que em 2021, devido à pandemia, o ensino escolar passou por uma mudança permanente, o que ressignificou o ensinar e aprender de tal forma que a comunidade escolar ainda tem absorvido os impactos e resultados desta transformação. Recebemos alunos diferentes daqueles de março de 2020, cada um deles com uma história diferente para contar, mas, quase que em comum, existe um sentimento: a importância da coletividade.
Como diretora de uma escola do ensino básico, acredito que minha jornada necessita estar alinhada tanto com objetivos que foquem na preservação ambiental quanto no sentimento de coletividade. No entanto, existe aí o primeiro desafio: como engajar esses alunos e fazer da causa sustentável um tema que faça sentido para eles? Partindo desta premissa, propomos no segundo semestre de 2021 apresentar e aplicar o tema da Permacultura (Cultura Permanente) na prática com toda a comunidade do Fundamental 2. O tema é pouco conhecido para a maioria das pessoas, mas tão potente e esclarecedor para agregar conhecimento ao levar as questões ambientais para dentro da escola.
As técnicas permacultoras foram criadas na década de 70 e contemplam conhecimentos não somente da agricultura, mas de como viver com menos impacto sobre o planeta, e foi por este motivo que decidimos inserir o tema como uma atividade para os alunos, sem as tradicionais (e obrigatórias) notas do currículo escolar. Ao longo dos encontros puderam realizar pesquisas individuais e coletivas sobre a função e a importância, bem como sabatinas e assembleias para discutir o tema. O processo permitiu o aprendizado de função, orçamento, viabilidade, execução e manutenção em atividades como: horta em espiral (que também foi importante para a aprendizagem sobre agroecologia), sistema de umidade e irrigação, sistema de compostagem e a pesquisa sobre os impactos que a troca de aparelhos celulares tem sob os recursos naturais.
A escola é uma potência responsável pelos jovens que dela saem para o mercado de trabalho e para as universidades.
As atividades ultrapassaram os limites das disciplinas tradicionais: os alunos tinham como objetivo aprender sobre sustentabilidade, mas aprenderam também probabilidade, física, química e geografia. Todo o conhecimento ainda foi compartilhado com estudantes das turmas do Ensino Fundamental 1.
Esse processo é um exemplo para que a comunidade escolar entenda que ensinar aos alunos é necessário não só pela importância de se engajarem em prol do meio ambiente, mas, para além disso, refletirem e apreenderem sobre os impactos do consumo em excesso. Também é fundamental ter consciência e cobrar governantes por atitudes que proporcionem a preservação ambiental e a diminuição da queima do carvão. Isso passa pela nossa consciência sobre o que estamos fazendo com nosso desejo incontrolável de ter sem precisar.
A escola é uma potência responsável pelos jovens que dela saem para o mercado de trabalho e para as universidades. É imprescindível oferecer ferramentas para que eles aprendam sem se sentirem oprimidos numa constante busca por notas acima da média. A escola é mais do que isso. É nela que estudam os futuros eleitores, mães, pais, avós e avôs. É dela que saem os governantes do planeta. Não podemos (nem devemos) interferir no seio de cada família, mas podemos oferecer possibilidades aos alunos, ensiná-los, engajá-los e mostrar por meio das nossas propostas que é direito e dever de todos viver em um mundo consciente e mais sustentável.
Carolina Paschoal é pedagoga e diretora da Escola Pedro Apóstolo, em Curitiba.
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