Imagem ilustrativa.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
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O atraso na implementação das medidas necessárias para a modernização econômica brasileira impacta fortemente na produtividade, componente decisivo para a competitividade da economia. O Observatório da Produtividade, do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, levantou que a produtividade do trabalhador brasileiro por hora trabalhada vem caindo 0,4% ao ano, desde 2013. Também alerta que para aumentar a renda da população é essencial melhorar a produtividade. Bem como o é para a retomada consistente de todo o cenário econômico.

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Os estímulos casuais do consumo, que temos visto nos últimos anos, permitem apenas recuperações cíclicas. Crescimento sustentado depende de investimentos, em níveis adequados e regulares. São eles que permitirão o crescimento da produtividade e do PIB potencial. Dos necessários 25% do PIB, temos visto eles recuarem para 15%, com uma surpreendente exceção, neste primeiro trimestre de 2021, quando alcançaram 19,4%. Em infraestrutura precisaríamos aplicar 5% do PIB, mas não passamos de 1,55% no ano passado. A capacidade de investimento do Estado foi corroída pelo crescimento dos gastos obrigatórios e do consumo do governo, que ronda os 20% do PIB.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca a importância de reformas para estimular o crescimento econômico. As mudanças no sistema tributário, “que impõe um pesadelo burocrático diuturno às empresas, enredadas num número enorme de exigências descabidas”. E a modernização da administração pública, “tornando o Estado brasileiro mais leve e eficiente, além de menos caro para a sociedade”.

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Na mesma direção, o brasileiro Otaviano Canuto, ex-diretor executivo do Banco Mundial e do FMI, e atualmente diretor do Center for Macroeconomics and Development, em Washington, alerta que “o Brasil tem um problema estrutural que é a combinação entre a anemia da produtividade e a obesidade do setor público”. Recomenda gastar menos em emendas parlamentares, em remuneração do setor público e em benefícios fiscais, reconfigurando gastos.

A escolha é nossa e a pressa é nossa. Mais juízo no presente para colhermos no futuro, ou menos responsabilidade no presente e conta alta para pagar no futuro. Senso de urgência, que abandonamos há muito, faz parte da fórmula.

Carlos Rodolfo Schneider, empresário, é um dos idealizadores do Movimento Brasil Eficiente (BEM) e membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp e do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal).