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Opinião do dia 2

A ética da internet

Há muito tempo novos parâmetros de socialização e de consumo de informações na internet se tornou popular em diversas regiões do Brasil. Em pouco tempo, essa ferramenta se tornou uma forte influência no cotidiano dos jovens (crianças e adolescentes). Pesquisas mostram um aumento progressivo do número de internautas jovens.

Dados do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) e da F/Radar, compilados pelo Instituto Datafolha em parceria com a agência de propaganda F/Nazca, apontam que aproximadamente 94% dos jovens entrevistados na pesquisa usam o meio on-line para se relacionar. Entre os jovens, as ferramentas mais utilizadas para esse fim são o MSN e o Orkut. Mas como agir com ética na internet?

Esse é o grande questionamento de pais e professores, que muitas vezes se deparam com o medo da exposição que esses novos meios podem trazer. Temas como pornografia, violência, racismo, atividades ilegais, entre outros, são constantemente divulgados na internet, seja para o lado bom e construtivo como para a proliferação negativa dos assuntos.

Não é o caso de negar o acesso a esse fantástico avanço tecnológico. Fazer isso seria um retrocesso sem precedentes. Devemos, porém, estar em alerta, da mesma forma que devemos orientar nossos jovens para agir com cautela e responsabilidade. Alguns se acham poderosos ao acessar a internet e algumas vezes cometem atos ofensivos a colegas imaginando que estão protegidos. É recomendável contato permanente com pais e professores a fim de denunciar abusos, esclarecer dúvidas, manifestar indignação e enfrentar os desafios e os riscos dessa nova sociedade da informação.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem estabelece que todo indivíduo tem direito à liberdade de opinião e ex­­pressão. Da mesma forma, o Pacto In­­ternacional dos Direitos Civis e Políticos assegura o respeito pelos diretos e reputação de outrem. Por isso a família e as escolas devem sempre estar atentas aos comportamentos desses jovens, para que cada vez mais consigamos formar cidadãos íntegros, reflexivos e eticamente responsáveis, independentemente do local, da ocasião ou do instrumento que utilizam para se informar e comunicar.

Fomentando a ética na internet estaremos contribuindo de forma concreta para o progresso da sociedade. Devemos, como sempre, verificar as deficiências e qualidades desses instrumentos e lidar somente com o que há de melhor. Para acolher as "queixas" (reclamações, requerimentos e ocorrências) a Secretaria de Segurança Pública conta com uma delegacia especializada na investigação de infrações cometidas na internet. É um passo importante, mas outros devem ser dados.

Há de se resgatar as referências morais não só na escola, mas fundamentalmente no ambiente familiar. A educação deve vir de casa, suplementada por educadores e professores, que também são responsáveis por praticar o bom-senso no ambiente coletivo presencial ou virtual.

Assim, passo a passo, conseguiremos nos elevar a um país de primeiro mundo também no bom uso da tecnologia.

Roberto Portugal Bacellar é juiz de direito, fundador do Instituto Desembargador Alceu Conceição Machado (IDAM) e coordenador nacional do programa Cidadania e Justiça Também se Aprendem na Escola (AMB)

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