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Os indicadores permitem constatar uma tendência de melhoria generalizada das condições de vida da população, acompanhando o cenário positivo exibido em âmbito nacional

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entidade vinculada à Secretaria de Assuntos Estratégico da Presidência da República, realizou um abrangente e detalhado esforço de compilação de informações que retratam a evolução do tecido social dos estados brasileiros entre 2001 e 2009.

Trata-se de estimativas preliminares, preparadas com base nas estatísticas oriundas sobretudo da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que deverão receber um tratamento de revisão e atualização quando da disponibilização dos dados desagregados do Censo Demográfico 2010 do IBGE.

Nessa perspectiva, os resultados, levantados e sistematizados conforme grupos de variáveis, favorecem, ao mesmo tempo, o cumprimento da tarefa de melhor compreensão dos avanços e recuos, diferenciados espacialmente, verificados no panorama social do país, e a avaliação e proposição de políticas públicas visando à otimização dos pontos fortes e à neutralização ou até eliminação dos quadros julgados indesejáveis.

No caso do Paraná, os indicadores apurados permitem constatar uma tendência de melhoria generalizada das condições de vida da população local, inclusive nas áreas rurais, acompanhando o cenário positivo exibido em âmbito nacional. Na verdade, houve a formação de um ambiente virtuoso no Brasil, efeito da maturação de ativos sociais construídos desde o começo da redemocratização em 1985, abarcando especialmente os programas de transferência direta de renda, a estabilização monetária, a partir de 1994, a valorização do salário mínimo e a vigorosa recuperação do emprego formal.

Essencialmente, o estado demonstrou acentuadas quedas nas taxas de fecundidade das mulheres, pobreza, desigualdade, mortalidade infantil, desemprego e analfabetismo, além de ganhos em cobertura previdenciária e expectativa de vida da população idosa, absorção de recursos de ações públicas de direcionamento de renda, rendimento médio do trabalho, anos de estudo da população com mais de 15 anos, frequência escolar e acesso aos serviços de água e energia elétrica e a bens ligados à tecnologia da informação.

Contudo, é interessante notar que, para a esmagadora maioria das variáveis acompanhadas, a intensidade dos aprimoramentos no Paraná mostrou-se aquém do desempenho exposto pela Região Sul, preservando a desconfortável peculiaridade de retardo da conjuntura social do estado comparativamente às unidades federadas mais desenvolvidas do país.

Tanto isso é verdadeiro que, dentre os mais de 30 índices mensurados pela pesquisa do Ipea, em mais de 2/3 deles o Paraná estaria, no exercício de 2009, em condições menos adequadas do que a Região Sul. As exceções à regra ficaram por conta da maior presença de jovens de mais de 15 anos e menor participação de pessoas com mais de 60 anos no contingente da população total, frequência escolar em todos os níveis, abastecimento de água e esgoto e acesso à energia, coleta de lixo, telefone fixo, e proporção de domicílios adequados.

Alguns pontos específicos do trabalho do Ipea mereceriam ser sublinhados. O primeiro deles compreende a taxa de analfabetismo, que, depois de cair de 8,66% em 2001 para 6,55% em 2007, retomou uma rota ascendente, chegando a 6,67% em 2009, sinalizando a possível existência de anomalias em uma área-chave para a inclusão social e a universalização da consciência cidadã.

O segundo elemento de destaque engloba a deterioração da violência urbana, atestada pela disparada da taxa de homicídios masculina para a população entre 15 e 29 anos. Mais especificamente, enquanto o número de mortes por 100 mil habitantes recuou no Brasil de 101,40 para 94,30 entre 2001 e 2007, e subiu na Região Sul de 57,60 para 81,70 em idêntico período, no Paraná ocorreu um salto de 71,70 para 116,30.

Por certo, a alteração da fisionomia social do estado requer a identificação e o reconhecimento dos problemas e o seu respectivo ataque via formulação e implementação de ações públicas, atreladas ao aporte de recursos financeiros provenientes das entidades multilaterais de crédito e aos projetos federais voltados à desconcentração de renda. Igualmente relevante é a ativação de arranjos institucionais, celebrados entre o governo e os demais atores sociais, que enseje o restabelecimento de um clima propício à impulsão do investimento produtivo, da renda e do emprego no território paranaense.

Gilmar Mendes Lourenço, economista, é diretor-presidente do Ipardes e professor da FAE.

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