O tão esperado leilão de frequências do 5G finalmente ocorreu no dia 5 de novembro, arrematando um saldo de R$ 46,7 bilhões distribuídos em seis novas operadoras, além das operadoras maiores como Claro, TIM, Vivo, Algar Telecom e Sercomtel. Mas o que esperar para quando o 5G estiver finalmente disponível? A tecnologia trará não somente melhoria no sistema de telefonia móvel, mas também o trânsito de carros autônomos, medicina a distância, eletrodomésticos conectados à internet e muito mais.
Com a definição dos ganhadores do leilão, o objetivo agora é buscar o cumprimento das metas colocadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que prevê já em meados de 2022 o 5G nas principais capitais brasileiras, e em todo território nacional em 2028. As operadoras vencedoras terão um grande desafio pela frente na implementação do 5G. Existem questões técnicas e burocráticas que estarão dentro desse desafio.
Para atingir as altas velocidades de navegação que o 5G oferece, há a necessidade de investimento em backbone, ou espinha dorsal, baseada em fibra óptica, como infraestrutura e até as antenas que serão espalhadas pelos grandes centros, prédios, torres e qualquer outra estrutura. Há uma expectativa grande de que os provedores de internet regionais contribuam muito para levar mais fibra óptica às regiões mais distantes, facilitando a implementação, mas ainda há o desafio em relação à quantidade de antenas.
Muito dessa infraestrutura já é contemplada pelas operadoras, assim como os provedores regionais de internet, mas não é só isso; serão necessárias muitas antenas para garantir a transmissão do sinal para todos os dispositivos eletrônicos que se conectarão ao 5G como carros, smartphones, computadores etc. Nesse aspecto, existem alguns entraves do ponto de vista de legislação, já que, em muitas cidades, há bairros ou regiões em que os imóveis não têm registro e por isso, o poder público fica impossibilitado de analisar onde exatamente as antenas poderiam ser instaladas.
Há, também, a necessidade de mão de obra devidamente capacitada para instalar, implementar e operar a nova rede. O Brasil não detém essa tecnologia e, como um novo sistema, também deve demandar por mão da obra com qualificação mais específica para a nova tecnologia, um perfil mais alinhado ao que o 5G demanda. Os atuais técnicos do setor de telecomunicações deverão passar por uma reciclagem; haverá necessidade de contratação de mão de obra adicional para a implementação do 5G no Brasil, mas com treinamento adequado para atender os requerimentos técnicos que a nova tecnologia traz.
Há uma expectativa grande de que os provedores de internet regionais contribuam muito para levar mais fibra óptica às regiões mais distantes, facilitando a implementação.
Outro aspecto com efeito sobre a implementação da nova tecnologia está na atual conjuntura econômica brasileira em relação à paridade cambial. O real está desvalorizado em relação ao dólar e, como por enquanto o Brasil não produz ou fabrica nenhum componente ou equipamento que atenda à demanda do 5G, estes equipamentos e insumos serão em grande parte importados, o que elevará o custo de implementação e terá efeito sobre o avanço rápido da nova tecnologia – considerando, adicionalmente, que há escassez de componentes eletrônicos no mercado mundial – e, principalmente, sobre os custos de operação e venda de planos no mercado quando as operadoras iniciarem sua comercialização. Isto acarretará numa maior dificuldade no atendimento dos requisitos de implementação do 5G, assim como o cumprimento adequado dos cronogramas de início das operações.
Julian Alexienco Portillo é pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica e engenheiro na empresa Nextest.
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