A cultura do voluntariado é bem difundida em várias partes do mundo, como Europa, América do Norte e Ásia. Infelizmente, no Brasil, ainda estamos engatinhando nesse sentido. E a Copa do Mundo da Fifa é mais uma oportunidade de trazer essa nova cultura para o nosso país.
A participação do voluntário não é nova em eventos esportivos e nem foi criada pela Fifa. O último Grande Prêmio de Fórmula 1, em Interlagos, contou com dezenas de voluntários. Os Jogos Olímpicos, em todas as partes do mundo, contam com milhares de voluntários, que garantem o sucesso do evento. Em várias outras competições de menor porte, em todo o planeta, os voluntários são utilizados como peça fundamental.
Ser voluntário, de acordo com a ONU, é dedicar parte do seu tempo, sem remuneração alguma, a diversas formas de atividades, organizadas ou não, de bem-estar social ou outros campos. Para nós, é bem mais que isso. É mostrar ao mundo a nossa capacidade de organização, de bom atendimento, de receber os visitantes com carinho e atenção.
Certamente, os mais céticos perguntarão: "Por que os voluntários não são remunerados?" Porque esta não é uma atividade de conhecimento específico, em que seja fundamental ter determinadas habilidades. Qualquer pessoa pode fazer, seja homem, mulher, idoso, jovem, deficiente ou não. As pessoas dedicam uma parte de seu tempo a ajudar a construir uma Copa do Mundo, um evento internacional, de grandes proporções. Poderão conhecer outras culturas e fazer novas amizades. Terão uma experiência diferenciada, possivelmente inesquecível.
Muitos terão a primeira experiência de participar de uma atividade relativa à área profissional que escolheram. Por exemplo: quantos alunos de Jornalismo têm a chance de atuar em uma Copa do Mundo e observar de perto como trabalham os principais ícones da área? Os voluntários da área de mídia poderão ter essa experiência e certamente a acrescentarão em seus currículos.
Os voluntários não são utilizados como mão de obra escrava ou como carregadores de fardos. São muito bem tratados no período em que estão conosco. Recebem alimentação supervisionada por nutricionistas, uniforme de ótima qualidade e transporte dentro da cidade. Podem passar por treinamentos optativos com foco no desenvolvimento pessoal e profissional, como Gestão Financeira e Pessoal, ou Sustentabilidade nos Negócios, entre outros. Recebem exames médicos gratuitos. Contam com áreas de convivência nos locais de trabalho, onde podem se divertir e descansar.
Eu já fui voluntário. Assim como eu, outros tantos profissionais que hoje estão no Comitê Organizador Local da Copa do Mundo e na Fifa já foram voluntários. A experiência que adquirimos nesses eventos foi fundamental para as nossas formações pessoais e profissionais. E posso assegurar uma coisa: ser voluntário é muito legal, é muito gratificante, é uma experiência única! Se não fosse assim, não teríamos mais de 150 mil pessoas se candidatando a fazer parte desse time. Se não fosse dessa forma, pessoas de 137 países não se candidatariam a vir ao Brasil. Pessoas da Índia, da Zâmbia, da Noruega, do Azerbaijão. São milhares de pessoas que querem viver essa experiência única. Uma experiência realmente inesquecível e marcante.
Rodrigo Hermida, administrador de empresas e voluntário em mais de 50 eventos, é Gerente de Voluntários do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014.