A Gazeta do Povo de segunda-feira, 24 de agosto, traz um texto que traduz perfeitamente a ignorância. Poderia ser simplesmente mais um texto preconceituoso e arraigado de informações desencontradas e inconsequentes, desses que circulam pelas redes sociais, de forma anônima. Mas não era. Tinha assinatura, do colunista Paulo Briguet, e estava em um jornal de grande circulação no Paraná.
Desconhece o autor a história e o papel social da Central Única dos Trabalhadores (CUT) na história do Brasil. Esta central nasceu, no início da década de 80, das lutas e anseios da classe trabalhadora por um país mais justo e solidário. Não à toa a atuação da CUT tem buscado fortalecer a ainda jovem democracia brasileira. Ainda, por desinformação ou por má-fé, confunde a CUT com o Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) ao misturar suas ações de resistência. Isso muito nos orgulha. Nascidos do mesmo berço, CUT e MST têm lutado juntos para construir um país melhor para os trabalhadores do campo e da cidade.
Nascidos do mesmo berço, CUT e MST têm lutado juntos para construir um país melhor para os trabalhadores do campo e da cidade
- Os filhos da CUT (coluna de Paulo Briguet, publicada em 24 de agosto de 2015)
- Na rua pelos direitos sociais (artigo de Regina Cruz, publicado em 20 de agosto de 2015)
- O protesto e o confronto (editorial de 16 de agosto de 2015)
- Afinal, o que raios é “fascismo”? (artigo de Flavio Morgenstern, publicado em 17 de agosto de 2015)
Outra crítica apresentada no texto diz respeito aos dias e horários das manifestações. A ilação do autor é tentar dizer que o ato de quinta-feira não era construído por trabalhadores, pois esses apenas poderiam participar no domingo. Equivoca-se mais uma vez. A Marcha dos 100 Mil, os comícios das Diretas Já, o Fora Collor, todos eles aconteceram em dias de semana, pois quando a classe trabalhadora vai às ruas é para parar o país, e não para passear ou fazer desfile.
Com seus trôpegos argumentos, tenta colar a imagem das manifestações em defesa da democracia e dos direitos da classe trabalhadora à corrupção. Uma das bandeiras históricas da CUT é o combate à corrupção. Jamais aceitaremos a pecha que a elite econômica, que há mais de 500 anos suga as riquezas do Brasil, tenta nos impor.
Sem dizer de onde nem como, acusa a CUT de receber “polpudas verbas federais”. Tira de contexto uma declaração do presidente da CUT, Vagner Freitas, ao incentivar o que seria, na opinião do autor, um confronto armado no Brasil. Metáforas e alegorias fazem parte do léxico da esquerda, e ao lutar pelo Brasil usaremos todas as armas que a democracia nos garante. Como nos ensinou o professor Leminski, en la lucha de clases todas las armas son buenas: piedras, noches, poemas.
As manifestações que aconteceram em todo o Brasil ganharam destaque justamente pelo tom crítico ao governo federal, principalmente por sua política econômica equivocada; e pela defesa da Petrobras, o que obviamente inclui a apuração de todos os casos de corrupção, independentemente da legenda partidária.
Opiniões contrárias, com críticas pontuais e assertivas, devem sempre ser respeitadas. Contudo, quando as informações ignoram a realidade e ainda tentam confundir a opinião pública, elas devem ser rebatidas e condenadas. Um general inglês chamado Wellington cunhou uma frase que ficou famosa: “Quem acredita nisso acredita em tudo”. Este é, evidentemente, o caso do texto na referida coluna.