| Foto: tragrpx/Pixabay
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O agronegócio é o grande motor da economia brasileira. Principal responsável pelos itens de nossa pauta de exportações, que gerou superávit mesmo nesse momento em que a alta do dólar e a crise da Covid-19 fizeram com que o Brasil saísse do grupo das dez maiores economias do mundo. Mas essa moeda tem outro lado: a falta de competitividade da nossa indústria, demonstrada pelas grandes dificuldades que nossos manufaturados têm para competir com os concorrentes estrangeiros nos mercados internacionais.

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As explicações mais usuais para esse fato são nossa tradicional burocracia, infraestrutura precária, difícil acesso a crédito e insegurança jurídica, que não contribuem para um ambiente de negócios saudável, que atraia investimento para gerar crescimento econômico. Mas existe um outro “vilão” nessa tragédia, pouco lembrado: O Brasil produz muito pouca inovação tecnológica.

De acordo com o ranking publicado anualmente pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi), em parceria com a Universidade Cornell e o Instituto Europeu de Administração de Empresas (Insead), o Brasil está em 62.º lugar, dentre 131 países, no Índice Geral de Inovação. Uma posição muito modesta para uma economia do tamanho da brasileira, independentemente da crise da Covid-19 e da alta do dólar.

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E quando se fala em ser um país que gera inovação tecnológica, não adianta querer cortar caminho, reinventar a roda. Todos os países que são polos de inovação investiram em educação de primeiro e segundo graus, que é onde se formam, se identificam, os talentos que podem fazer a diferença nos centros de pesquisa das empresas privadas e universidades.

Talvez o maior exemplo seja o da Coreia do Sul, que, na década de 1970, era um país pequeno e pobre, com um PIB per capita muito menor que o brasileiro. Em 2019, quando nosso PIB foi de US$ 1,8 trilhão, o do país asiático foi de US$ 1,6 trilhão. Mas, diferentemente do Brasil, que tem um território de 8.515.767 km² e uma população de 211 milhões de habitantes, são apenas 52 milhões de sul-coreanos em um território de 99.720 km², pobre em recursos naturais.

Para se medir o resultado do investimento da Coreia do Sul em educação, basta olhar à sua volta e ver quantas marcas sul-coreanas de automóveis, computadores, smartphones e muitos outros tipos de produtos fazem parte do dia a dia dos brasileiros e de consumidores de muitos países. Mas, para poder sonhar em repetir o sucesso sul-coreano, e ter marcas brasileiras disputando o mercado mundial daqui a 30 ou 40 anos, é preciso educar a geração que está nascendo hoje. E é aí que reside o grande drama brasileiro.

“É preciso investir mais em educação” é um mantra que ouvimos a cada discussão política ou período eleitoral, como a solução para todos os nossos problemas. Mas, apesar de já termos atingido um investimento equivalente a 5% do PIB, que ainda não é o ideal – estamos abaixo da média per capita de investimento dos países da OCDE –, mas também não é tão pouco. Mas os resultados, mesmo para um investimento cujo retorno se mede não em meses ou anos, mas em gerações, ainda deixam a desejar.

São dadas muitas explicações para nosso sistema educacional ruim, muitas delas narrativas com forte viés ideológico. Não entraremos nessa discussão por ela ser estéril, mas sugerimos que o Brasil tenha a humildade de olhar para os casos de sucesso em educação. Em todos, sem exceção, a educação das crianças é vista como uma missão da família, e a carreira de professor do primeiro e segundo graus é valorizada.

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Então, sem dúvida, precisamos remunerar melhor os profissionais de educação brasileiros, mas também prepará-los melhor para realizar essa missão. Ou seja, investir em educação e fazer isso com inteligência. Do contrário, “investir mais em educação” continuará sendo um mantra de todo discurso político, nada mais do que isso.

Michel Alaby é especialista em Comércio Exterior e presidente da Alaby & Consultores Associados.