Sem sombra de dúvidas, é um diagnóstico corrente que, embora o pensamento crítico seja incentivado como nunca nas escolas e nas universidades, existe um desprestígio da filosofia nestes mesmos jovens presentes nestas escolas e universidades. Por que será?
As causas são muitas, certamente. Mas é possível apontar uma em especial. Quem aqui nunca pensou que a filosofia não serve para nada e que ela não deveria estar nas grades curriculares? Dizem alguns: “Mais matemática, português e ciências, e menos filosofia e artes”. Esse é o cenário. A consciência do povo e de muitos educadores com relação ao valor da filosofia.
Se devemos criticar tudo, não aceitar verdades e valores necessários e imutáveis, por conseguinte, qual o valor que tem a filosofia? Nenhum, pois não existem valores imutáveis e necessários
Por que pensamos assim? Por que o povo comum pensa assim? A filosofia é desprezada, de fato. Mas cabe notar que a filosofia é desprezada na sociedade que mais enfatiza o pensamento subjetivo, a opinião, a relatividade e o pensamento crítico. Não é uma ironia, um paradoxo? Como pode isso?
Poderíamos fazer algumas perguntas para tentar dar um remédio para esse diagnóstico. Sempre foi assim? Senão, como ficou assim? É justamente porque a filosofia se tornou a ciência da crítica pela crítica. A ciência da razão pura, do super-homem. Sim, é porque somos críticos. Sim, é o excesso de criticismo que levou as coisas a essa situação.
Se não há nada objetivo que se imponha à inteligência e à vontade, não há verdade, não há bem, não há beleza, não uma verdade sobre a filosofia, um bem sobre a filosofia. Então não há um valor na filosofia que se imponha às inteligências. Pois, se devemos criticar tudo, não aceitar verdades e valores necessários e imutáveis, por conseguinte, qual o valor que tem a filosofia? Nenhum, pois não existem valores imutáveis e necessários. Nem mesmo na filosofia. A filosofia também perde seu valor porque se nada possui valor, a filosofia também não.
Para que a filosofia possa voltar a ter algum valor nas famílias, nas escolas e no Estado, ela tem de deixar de ser crítica aos moldes do Iluminismo e do criticismo moderno. Caso contrário, vemos o suicídio do próprio valor da filosofia. Essa filosofia crítica, portanto, é um tiro no próprio pé da filosofia.
Qual o remédio para isso? A compressão de que se criticamos, filosofamos e perguntamos, então buscamos desatar de nossas almas os “nós” da ignorância e da malícia. Filosofamos para saber sobre a verdade que existe, sobre o bem e sobre a beleza que existem e são os motores de toda busca filosófica. Neste cenário, a filosofia voltará a ser importante na vida intelectual do nosso país. Que Santo Tomás de Aquino, Doutor Angélico nos ajude!
Willian Kalinowski, graduado, mestre e doutorando em Filosofia, é professor, membro pesquisador da Sociedade Brasileira para o Estudo da Filosofia Medieval; membro do Conselho Científico do Instituto De anima. É autor do livro “O intelecto e as virtudes intelectuais em Santo Tomás de Aquino”.