O ex-presidente Lula foi preso no dia 14, mas continua a ser um privilegiado. Antes do cárcere, o petista gozava de regalias a que o brasileiro comum não tem acesso, e, assim que entrou na sede da Polícia Federal em Curitiba, Lula passou a receber benesses inacessíveis a qualquer outro presidiário (ao menos legalmente). Cela mais espaçosa, mesa, chuveiro elétrico e tevê para ver o jogo do Timão; fala-se até em academia montada especialmente para ele e água gelada, após solicitação de seus ricos advogados.
Antes de ser detido, Lula recebeu provavelmente a ordem de prisão mais benevolente da história, quase um pedido da Justiça ao condenado – que só atendeu ao que o juiz solicitou 25 horas depois do prazo, com direito a churrasco, bebida, palanque e mais bebida. Toda essa situação faz com que o brasileiro comum se pergunte: por que este homem tem tantos privilégios mesmo após ser condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro?
A reposta mais óbvia é a de que, no Brasil, os poderosos quase sempre dão um jeito de se beneficiar. Paga-se um bom advogado, cobra-se favor a um e a outro, e tudo está resolvido. Deputado Zezinho descobre repentinamente um problema no coração e necessita de cuidados especiais, e o senador Tonhão encontra alguma brecha para pedir prisão domiciliar. Para quem não consegue os benefícios legalmente, ainda resta a possibilidade de “fazer entrar na sua cela” mimos como queijos importados, camarões e iogurte, como fez um ex-governador do Rio de Janeiro.
A Justiça brasileira tem cedido privilégios ao ex-presidente na esperança de apaziguar os ânimos
Todavia, as regalias concedidas a Lula não se encaixam nas possibilidades descritas no parágrafo anterior. Se os donos das maiores empreiteiras do país e os demais políticos presos pela Lava Jato quiserem usufruir de benesses semelhantes, só conseguem de modo escuso. Bem diferente da situação do ex-presidente, que obteve todas as regalias com facilidade e de forma legal, provando que a explicação neste caso é diferente.
Apesar da redução drástica de popularidade, da falta de cargo e das centenas de provas jurídicas que comprovam seus crimes, Lula ainda detém um poder capaz de conseguir certos privilégios. Esse poder é resultado direto da fraqueza de seus adversários, que cedem aos blefes petistas sem grande resistência.
Diante da pressão exercida pela esquerda, a Justiça brasileira tem cedido estes privilégios ao ex-presidente na esperança de apaziguar os ânimos, de diminuir o ímpeto petista. Entretanto, o efeito é justamente o inverso. Ao perceberem que a pressão está dando certo e que as suas pautas estão sendo atendidas, a tendência é de que os revolucionários aumentem ainda mais a pressão e radicalizem o discurso.
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Nunca é demais lembrar a natureza desse movimento político liderado por Lula. Eles não vão desistir, não se contentarão com pequenas vitórias, e tudo o que lhes for cedido será automaticamente transformado em munição para reforçar a narrativa oficial do partido. Ou seja: além de injustas, as regalias não ajudarão no arrefecimento do movimento em torno de Lula.
Resta, então, aos nossos bons juízes tratar o ex-presidente com a severidade que um bandido comum merece e a inteligência estratégica necessária para reduzir as possibilidades de ação do grupo político que ele lidera. Para isso, precisam controlar a narrativa em torno do caso, saindo da posição defensiva em que se encontram no momento.
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