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Em março de 2020, a XP Investimentos atingiu um valor de mercado maior do que o Banco do Brasil e do Santander. Como isso foi possível?
No fim dos anos 1990, surgiram as primeiras fintechs de investimento no Brasil. A NetTrade foi a primeira; depois, fez uma fusão com a Patagon e a nova companhia foi adquirida pelo Santander, por mais de US$ 500 milhões. Após essa aquisição, a empresa perdeu market share, abrindo oportunidade para uma concorrente: a Ágora. De 2002 a 2008, a Ágora liderou o mercado brasileiro, chegando, no auge da sua vida, a 34% de market share no home broker, contra 6% do segundo colocado, o Itaú.
Visão de que a inovação disruptiva acontece de maneira imprevisível não é boa, porque passa a ideia de algo inesperado, com enorme dificuldade de se prever.
Após a venda da Ágora para o Bradesco, abriu-se espaço para uma pequena corretora do Sul do país, que buscava caminhos e se preparava havia mais de uma década. Com competência e ousadia, a XP apostou em um modelo de negócio diferente, baseado no canal “Agente Autônomo de Investimentos”, e tornou-se um dos mais importantes players do mercado financeiro do país. Fez seu IPO na Nasdaq em 2019 e tomou conta, com o papel de protagonista da transformação do mercado.
A XP estava atuando desde 2001, trabalhando arduamente, testando caminhos para o seu desenvolvimento, até que ele se manifestou. Só surpreendeu aqueles que estavam distantes do ecossistema de inovação.
A visão de que a inovação disruptiva acontece de maneira imprevisível não é boa, porque passa a ideia de algo inesperado, com enorme dificuldade de se prever. Se a empresa é incapaz de prever o que vai acontecer, significa que ela não vai ter condições de se preparar para enfrentar o que vier pela frente – ao contrário da XP, que progrediu muito e deve “atingir a meta de R$ 1 trilhão em ativos sob custódia neste ano”, nas palavras de Guilherme Benchimol, presidente do Conselho de Administração da empresa, na abertura da Expert XP 2021. Tudo isso faz da XP um caso de sucesso em inovação.
Marcos de Lacerda Pessoa, engenheiro civil, mestre em Engenharia, Ph.D. pela Universidade de Birmingham (Inglaterra), pós-doutor e fellow no MIT, é diretor do Centro de Letras do Paraná, apresenta o programa “Marcos de Inovação” nas TVs da Uninter e é autor de livros sobre inovação.