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A intelectualidade é o refúgio do socialista

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Admiro sobremodo a ciência e a tecnologia, a pesquisa e a busca do entendimento do comportamento humano, das forças que movem as ações das pessoas e suas reações aos eventos da vida. E mais ainda: sou fã da neurociência, que atualmente tem ajudado a definir o que move o mundo.

O que não consigo entender é por que tanta gente se desliga da realidade e se exila no pensamento e nos labirintos da filosofia, nas teorias e conceitos, esquecendo que todo estudo e toda descoberta deveriam servir para melhorar a vida na Terra, para aumentar a felicidade, a saúde, a riqueza e o conforto de uma pessoa ou grupo de pessoas no mundo real, não em pensamentos apenas. Caso contrário, é desperdício de tempo e energia.

A qualidade do resultado desse esforço intelectual pode ser medida pela relação entre os benefícios a que dá origem e as consequências ruins que pode trazer para outros. Há de se levar em conta, igualmente, a perspectiva temporal. Eventualmente os resultados bons ou ruins de algumas descobertas vêm no longo prazo; outras vezes, imediatamente.

O fato de alguém estudar a fundo todas as obras marxistas não muda o fato de o socialismo nunca ter funcionado em nenhum lugar do mundo

Até mesmo as pesquisas militares ligadas a armas e destruição têm um objetivo: beneficiar um grupo, ainda que em detrimento de outro. Não se pode afirmar a priori que elas não sejam válidas, lembrando que a própria internet e o GPS surgiram de pesquisas militares.

Comecei, então, a desconfiar que, na verdade, não se trata de escolha dessas pessoas, mas de incapacidade. Entendi que quando alguém não consegue lidar com a realidade, interpretá-la de modo a se beneficiar dela pelo trabalho e pela criação de valor, refugia-se na complexidade filosófica subjacente a praticamente qualquer conceito abstrato e pensa que conhecer o que já se escreveu ou pensou sobre algo pode alterar, de alguma forma mágica, o desenrolar dos fatos.

Trocando em miúdos, o fato de alguém estudar a fundo todas as obras marxistas não muda o fato de o socialismo nunca ter funcionado em nenhum lugar do mundo, nem torna as pessoas iguais. Cada um tem seus talentos e preferências pessoais e não há filosofia que mude isso. Também o fato de alguém decorar o Corão não muda o fato de que há muçulmanos que andam se explodindo para matar “infiéis”, e ninguém nunca conseguirá justificar isso, por mais conhecimento que tenha.

Hoje tenho convicção de que existe uma classe de pessoas que não conseguem entender que não adianta escolher acreditar na conclusão do seu filósofo favorito, pois gostariam que o mundo fosse assim, em vez de acreditar no que estão vendo acontecer ao seu redor. Isso não melhora o mundo nem altera a realidade. E essa classe de pessoas só faz aumentar em número e influência sobre mentes jovens e menos preparadas.

O estudo e a pesquisa – a filosofia, mesmo – só são validos enquanto ajudarem a entender melhor a realidade e lidar com ela de modo mais eficiente e benéfico, não para mascará-la ou filtrar fatos e opiniões. Não devem a ciência e o conhecimento agir como entorpecentes, distorcendo a percepção do mundo ou alienando o usuário em um mundo paralelo onde tudo se resolve na teoria, com conceitos perfeitos, que na realidade não se verificam.

Seria bom que essas pessoas entendessem que, para realizar as obras arquitetônicas fantásticas concebidas por quem estuda a estética, é necessário muito estudo de engenharia e materiais, além de planejamento e energia para a execução. É a resistência concreta, real, calculada dessas obras que impede que desmoronem, não a sua beleza. E, se não estiverem de acordo com as leis da natureza, que enfim determinam seu comportamento, elas vêm abaixo por mais lindas que sejam.

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