| Foto: Magda Ehlers/Pixabay
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Um estudo recente da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alerta que, se o desperdício de alimentos no mundo for reduzido pela metade, até 2030, haverá uma queda de 26% na fome global e uma redução de 4% nas emissões de gases de efeito estufa provenientes da agricultura. Ainda segundo a pesquisa, 32% da produção de alimentos é perdida ou desperdiçada - 13% após a colheita e 19% em casas, restaurantes e lojas.

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Infelizmente, ineficiências na cadeia de suprimentos, infraestrutura precária, desafios logísticos e políticas inconsistentes dificultam a mudança. Só que atualmente ganhamos mais um aliado para mudar o cenário. Além da boa e velha conscientização e educação do consumidor, a Inteligência Artificial (IA) surge como uma poderosa ferramenta para atuar contra o problema.

Um terço da comida no mundo, 1,3 bilhão de toneladas, é jogada fora. Isso gera impactos socioambientais e econômicos graves

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As causas são diversas, desde produção excessiva até consumo inadequado. 

Do ponto de vista ambiental, o desperdício ainda contribui negativamente para as mudanças climáticas e a fome. Já no âmbito econômico, as perdas financeiras atingem toda a cadeia alimentar e afetam também o bolso do consumidor.

Mudança inteligente

É nesse contexto desafiador que a IA se apresenta como uma ferramenta inovadora e promissora, que vem, aos poucos, revolucionando a forma como enfrentamos o desperdício alimentar em todas as esferas. 

Na agricultura, por exemplo, o recurso já está sendo utilizado para otimizar a colheita, prever safras com maior precisão e monitorar a saúde das plantações. Sensores e algoritmos avançados também ajudam os agricultores a identificar pragas e doenças em estágios iniciais, o que permite uma intervenção mais eficaz.

Pela logística, a IA é capaz de aperfeiçoar as rotas de entrega e monitorar em tempo real as condições de armazenamento via dados, o que ajuda a reduzir as perdas durante o transporte. 

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Pensando no varejo, a tecnologia pode auxiliar na previsão da demanda do consumidor, gestão de estoques e precificação dinâmica. Isso permite que os lojistas ajustem seus inventários em tempo real, o que evita a superprodução e a necessidade de promoções excessivas que levam ao desperdício. 

Pelo lado do consumidor, os aplicativos inteligentes contribuem no planejamento das refeições, sugerem receitas para aproveitar alimentos que estão próximos da data de vencimento e fornecem dicas para reduzir o desperdício doméstico.

Futuro de desafios e oportunidades

A implementação plena da IA exige investimentos em pesquisa e desenvolvimento, democratização do acesso à tecnologia e dados, mudanças comportamentais e atenção às questões éticas e regulatórias.

Não podemos questionar que a tecnologia usada para combater o desperdício alimentar é promissora. A tecnologia tem o potencial de ser uma ferramenta crucial, mas deve ser utilizada de forma responsável e ética. A colaboração entre governos, empresas, ONGs e consumidores é essencial para implementar soluções de IA eficazes e escaláveis.

Além disso, o investimento em educação e conscientização passa a ser fundamental para promover mudanças comportamentais que contribuam diretamente para a redução do desperdício alimentar. Com a composição correta, podemos dar passos significativos na luta contra o problema e criar um sistema mais sustentável e justo. Afinal, em vez de jogar fora, podemos temperar nosso futuro com inovação e responsabilidade.

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Eduardo Petrelli é cofundador e CEO da Mercado Diferente, foodtech de alimentos saudáveis do Brasil. É formado em Engenharia de Produção pela Universidade Católica do Paraná e pós-graduado em Business e Finance pela Universidade de Berkeley (EUA).