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 | Felipe Lima
| Foto: Felipe Lima

Nenhum embate no mundo atual é mais simples e difícil que a disputa entre falar a verdade ou preferir uma voz maviosa e mentirosa, mas coadunada ao discurso corrente. Poucas questões escancaram mais esse debate que a Lei de Migração, chegando às mãos do presidente Michel Temer, o vice de Dilma. Ocasionalmente, alguém precisa falar algumas verdades.

Países em guerra, causando o que o Ocidente chama de crise de imigração, sobretudo a Síria, têm uma maioria de população muçulmana. A nunca admitida islamização da Europa já mostrou que causa problemas até o momento insolúveis, sendo o terrorismo e o risco de assassinatos em locais outrora seguros e civilizados apenas o mais doloroso deles.

É claro que quase ninguém ousaria utilizar o vocabulário do embate entre civilização e barbárie e considerar que as hordas de imigrantes modificando os principais países do Ocidente sejam realizadas por “bárbaros”, ainda mais com o novo termo “islamofobia” pronto para ser usado como marca de censura aceita. Entretanto, enquanto o Ocidente se perde em seu próprio vocabulário, não é por um vocábulo muito mais higiênico que os muçulmanos se referem aos ocidentais que os acolhem.

Do lado muçulmano, a imigração também tem uma função revolucionária

O Islã é estranhamente chamado de “religião da paz” pela estrutura geográfica da religião: territórios onde o Islã é dominante e a sua lei civil, a sharia, já é aplicada, são chamados Dar al-Islam, o “lar da submissão” ou “da paz” (Shalam), enquanto qualquer território ainda não submetido (literalmente) ao seu jugo é chamado Dar al-Harb, “lar da guerra”. Fontes otomanas, curiosamente, também chamavam tal Estado de Dar al-Gharb, “lar do Ocidente”.

Leia também:Lei de Migração, seja muito bem-vinda! (artigo de Melissa Martins Casagrande, professora de Direito na Universidade Positivo)

Para o Islã, o que não for submetido à sharia é caótico, impróprio para se viver, um mundo ainda não “ordenado”. Paz, ao contrário do conceito ocidental, não significa coexistência sem atritos, mas tão somente a submissão de todos a Alá, cobrando-se imposto (jyzia) de cristãos e judeus para sobrevivência, forçando a conversão ou degolando infiéis, atirando gays de prédios, apedrejando mulheres adúlteras etc. Assim, o mundo estaria “submetido à paz”.

É uma estrutura geográfica comum a diversas religiões: o que é revelado ou participa do rito é o mundo “verdadeiro”, e todo o restante está no “caos” primordial. Todos os ritos de criação repetem tal estrutura. Para os fãs de Game of Thrones, basta lembrar do Muro no norte dos Sete Reinos: ele separa o mundo “ordenado” (e nada pacífico) da trama do caos dos Andarilhos Brancos. No caso da imigração, the winter is coming.

É curioso notar como a esquerda, maior adversária do cristianismo no Ocidente, defende tanto a imigração de muçulmanos, sem cristãos: não se trata de uma “questão humanitária” e tolerância com religiões, mas de um meio de abolir fronteiras e vencer, pela maioria demográfica, as instituições “conservadoras”.

Do lado muçulmano, a imigração também tem uma função revolucionária: o calendário islâmico não começa pelo nascimento de Maomé, e sim por sua migração de Meca para Medina: a Hégira, quando Maomé passa da tolerância para a conquista militar. Todos os países muçulmanos hoje passaram pelo mesmo processo. Uma imigração islâmica não é “crise”: é método.

O Ocidente pode ter medo de pesquisar a verdade, enquanto maometanos não explicam seus planos como vilões de histórias em quadrinhos.

Flavio Morgenstern é analista político, criador do portal Senso Incomum e autor de Por trás da máscara.
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