Após o término do evento nefasto na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), em agosto, com consequências sem precedentes e violenta destruição provocada pela massa carcerária revolta fato este inclusive de veiculação midiática internacional , apenas 16 dias depois outro evento como esse ocorreu na Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (Peco) e, dois dias depois, um outro, na PEP II, em Piraquara. Nestes momentos e em tantos outros, para cessar tamanha tragédia é necessária a união dos servidores do sistema penal, evidenciando que somente através de um trabalho integrado de vários setores é que se pode chegar a conquistas maiores.
Nestas tristes ocorrências, agentes de apoio, agentes de execução e agentes profissionais fomos convocados para auxiliar nos trabalhos. Mostramos ao sistema penal e à Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) quão essenciais somos; estivemos presentes no intuito de dar amparo e auxílio em questões indispensáveis água, luz, gerador, manutenções, andamento em processos disciplinares, verificação de benefícios, acompanhamento e finalizações de listas de transferências. Destacou-se também a equipe de saúde, que prestou atendimento juntos ao posto disponibilizado na Penitenciária Industrial de Cascavel (PIC) para acolhimento dos feridos. Estivemos à disposição a todo momento. Após o término das rebeliões, foram esses servidores já elencados que buscaram doações para suprir a falta de materiais como colchões, medicamentos, materiais de higiene, roupas e toalhas de banho. Reorganizamos também toda a parte administrativa dessas unidades penais. Nossa presença se mostrou fundamental. É indiscutível que os agentes de apoio, agentes de execução e agentes profissionais também presenciaram cenas trágicas, passaram por momentos de tensão e vivenciaram estes fatídicos episódios no sistema penitenciário do Paraná.
É fato que o agente penitenciário exerce o papel fundamental na segurança penal e na ressocialização em si; todavia, o corpo administrativo e técnico da unidade penal é primordial nessa caminhada. Não podemos acreditar que uma categoria sozinha possa abranger todos os elementos necessários para o bom andamento de uma unidade penal.
Não é de hoje que a Seju tem se mostrado relutante em aceitar a tamanha importância que os servidores, agentes de apoio, agentes de execução e agentes profissionais têm no ambiente prisional, o que nos assusta e entristece. A Seju, que alega buscar a integração, deixa a desejar na integração dos seus próprios servidores quando privilegia alguns em detrimento dos demais, quando não realiza concursos públicos para suprir a defasagem funcional das categorias elencadas, quando não verbaliza, mas implicitamente nos mostra o quanto somos invisíveis para uma secretaria que é "da Justiça" e "dos Direitos Humanos".
Francielle Toscan Bogado é presidente do Sindicato dos Servidores do Sistema Penitenciário do Paraná (SINSSP).
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