Israel é atualmente líder mundial na campanha de vacinação contra a Covid-19. Quase metade (40%) da população de 9 milhões de pessoas já recebeu a primeira dose e, desde o início da imunização, 27% dos israelenses receberam duas doses da vacina. Entre os países que mais aplicaram as duas doses, Israel lidera com folga, seguido pelos Estados Unidos, com 3,4%, de acordo com a Universidade Johns Hopkins.
O sucesso de Israel decorre de vários fatores. Um deles é que o país recebeu muitas doses rapidamente por ter se comprometido a enviar, à principal empresa farmacêutica fornecedora das vacinas, dados e detalhes especialmente recolhidos para eles. Entre os dados estão consequências de inoculações, efeitos secundários, eficácia e tempo para o desenvolvimento de anticorpos. Tudo isso considerando diferentes tipos de população, idade, sexo e condições pré-existentes.
Foi também acordado que, para proteger a privacidade, não serão enviados detalhes que permitam conhecer a identidade dos vacinados. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) também receberá as informações, poderá acessar a rede de distribuição nacional, os impactos das vacinas e os efeitos secundários. Israel atuará como uma espécie de laboratório mundial de testes, com os resultados desta ampla pesquisa servindo para embasar estratégias globais e incentivando pesquisa e desenvolvimento das empresas farmacêuticas para vacinações contra o coronavírus.
Com o acordo, Israel receberá uma remessa semanal de centenas de milhares de doses, entre 100 mil e 500 mil, com mais de 10 milhões de doses a serem recebidas de uma empresa até meados de março. Além disso, devem receber mais de 500 mil doses de outra vacina. Israel tem cerca de 9 milhões de cidadãos, então as projeções evidenciam que o país deve liderar o mundo e sair da pandemia em breve.
Apesar das boas notícias, o otimismo não é compartilhado por todos. Em dezembro, os números de casos de Covid-19 saltaram com a chegada da variante britânica, mais contagiosa. Além disso, há um número relevante de pessoas que não querem se vacinar acreditando em informações falsas espalhadas pela internet. Segundo o jornal Haaretz, uma pesquisa da Universidade Washington em St. Louis, nos Estados Unidos, apontou que 40% dos israelenses que ainda não foram imunizados disseram que não pretendiam tomar a vacina, alegando como principal motivo o medo de que a vacina não seja segura.
Por outro lado, os esforços já mostram resultados com um estudo israelita revelando que a vacina reduz o risco de propagação mesmo antes da segunda dose, com este grupo apresentando cargas virais quatro vezes mais baixas e estando menos exposto ao risco de transmissão. Outro recente estudo israelense também apontou para a redução da transmissibilidade com base na queda geral das cargas virais entre o grupo etário com mais de 60 anos. São notícias positivas para Israel, que atravessa a terceira onda da pandemia, e para todo o mundo, que pode acompanhar na prática a eficácia das vacinas.
Felipe Catharino é líder do Desk Israel da KPMG no Brasil.
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