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Crianças de 11 a 14 anos analfabetas, moradias precárias chefiadas por mulheres com rendas insignificantes... São tristes realidades para uma cidade cujas ruas centrais são enfeitadas com luzes, esculturas e edifícios antigos preservados. Fatos que correspondem a uma autêntica provocação aos miseráveis que perambulam pelas ruas, famintos e desabrigados. Um pequeno deslize, ao apanharem uma guloseima, os transporta para as desumanas prisões, rotuladas de abrigos de menores, locais formadores de criminosos.

E a cidade, aparentemente, cada vez enriquece mais! Muros e altos edifícios luxuosos são construídos para abrigar ou aprisionar as pessoas que, temerosas, fogem da violência e da mendicância.

As escolas públicas são mal equipadas, constituídas de salas com excesso de alunos

Presenciamos tristemente o alto índice de crianças e adultos analfabetos, sua desqualificação profissional e, consequentemente, o desemprego. As estratégias prioritárias que buscam atenuar tais desequilíbrios não são devidamente trabalhadas. É incrível, mas as preocupações principais dos líderes políticos são os votos, a formação de maiorias, o apoio aos poderosos. Daí a despreocupação com a educação, fonte de discernimento e, consequentemente, de livre-arbítrio, obstáculo à submissão.

Essa despreocupação se revela na conjuntura atual nas escolas públicas, que são mal equipadas, constituídas de salas com excesso de alunos. Os professores são pessimamente remunerados, obrigados, para sobreviver, a acumular funções ou atuar em vários locais de trabalho; sua clientela é problemática, subnutrida, enfraquecida, doente, abandonada, maltratada e, consequentemente, agressiva, violenta ou drogada.

A resposta somente virá pela multiplicação de instituições escolares rurais e urbanas, luzes para solucionar todos os problemas, enriquecidas com recursos humanos (psicólogos, orientadores, assistentes sociais) imprescindíveis ao processo educacional, vinculados à complexa e difícil tarefa do professor, este profissional algumas vezes rotulado de “desqualificado”, o que nem sempre é verdade.

Em face de todos os problemas dos quais padece o ensino, é urgente a presença dos profissionais citados, devidamente valorizados, cujo objetivo precípuo seria conduzir o jovem a profissionalizar-se de acordo com o mercado de trabalho, interligado às suas reais potencialidades, culminando com um mundo melhor, alicerçado na paz social.

Deusdith Laval Malucelli, concursada em psicologia, é pedagoga pela UFPR.
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