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A “nova era” e os sete dias que chacoalharam a grande mídia

 | Matheus Bazzo/Divulgação/O Jardim das Aflições
(Foto: Matheus Bazzo/Divulgação/O Jardim das Aflições)

Desde o momento em que Olavo de Carvalho sugeriu a Jair Bolsonaro os nomes de Ernesto Araújo para ministro das Relações Exteriores e de Ricardo Vélez Rodriguez para o Ministério da Educação, a grande mídia, composta dos já conhecidos conglomerados, passou a ceder espaços e buscar entrevistas com o filósofo. O que os jornais, revistas e seus jornalistas não esperavam é o quão humilhante e libertador essa experiência seria, tanto para os próprios conglomerados como para os entrevistadores, totalmente alheios à realidade da maioria, que se autodenominou “Povo da Nova Era” (em referência a uma fanfic humorística inspirada em outra ficção viral, na qual uma petista havia relatado em seu Facebook que seu pai havia lhe ameaçado com uma arma afirmando “é a nova era, tá com medo, petista safada?”). Assim, o que se viu, muito além de uma entrevista, acabou sendo uma aula de jornalismo e de análise política.

Primeiramente, todos os entrevistadores mostraram-se completamente inaptos a fazer a entrevista. A maioria afirmava não ter lido um só livro ou artigo de Olavo de Carvalho, demonstrando a mais absoluta incapacidade de elaborar um simples perfil ou resumo do filósofo, fazendo-o apenas com base nos jargões esquerdoides que corriam por suas redações ou, quem sabe, pela simples impressão imediata de quem nem sequer teve a mínima boa vontade de usar o intelecto para tentar compreender o entrevistado. Seja como for, o resultado já se ensaiava como precário, restando a alguns, como no caso da revista Veja, recorrer ao coitadismo e à bajulação para que ao menos existisse uma entrevista.

A maioria afirmava não ter lido um só livro ou artigo de Olavo de Carvalho, demonstrando a mais absoluta incapacidade de elaborar um simples perfil ou resumo do filósofo

Assim, o que se viu, em todos os casos, era justamente o esperado: o questionamento de dados sem comprovação de fontes primárias, tal como os usos de jargões baixos, que tentassem revelar uma espécie de relação de “guru” entre Olavo e Bolsonaro, sempre respondidos com literais e brutais verdades, combinadas com doses de humor e ironia que desmoralizaram por completo qualquer meio de comunicação que tentasse permanecer com a velha e burra retórica corrente imposta pelo politicamente correto de esquerda. Uma verdadeira aula de bom senso e de leveza em prol da verdade sufocada.

Ao mesmo tempo em que os entrevistadores despejavam panfletos de senso ideológico, eram também questionados por terem, por tanto tempo, cometido o crime dos crimes: não terem relatado em uma só linha a existência, a ocorrência e a influência do Foro de São Paulo nas políticas de esquerda da América Latina, o que alguns, no passado, chegaram ao cúmulo de denominar “teoria da conspiração”.

O recado foi curto e simples: ou a mídia como um todo passa a estudar e entender a realidade, a verdade mais contingente e óbvia e, sobretudo, a experiência que levou o discurso de esquerda a se revelar algo imensamente tolo e contraditório, ou seguirá passando vergonha pública. No fim das contas, deveriam os jornalistas seguir um conselho dado pela própria fanfic humorística citada no início deste texto: “é melhor ‘jair’ se acostumando”.

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