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A origem das fortunas

(Foto: Pixabay)

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“O sonho da riqueza atrai todos. No entanto, somente aqueles que inovam e sabem criar bens e serviços tornam-se ricos.” A frase é de Lee Kuan Yew, considerado o “pai fundador” de Cingapura, onde foi secretário-geral do Partido da Ação Popular, que obteve uma vitória esmagadora nas eleições de 1959. Ele coordenou a separação da cidade-país da Malásia em 1965, e foi o líder de sua transformação de um entreposto colonial subdesenvolvido para uma economia de primeiro mundo.

Ou seja, suas palavras encontram respaldo prático e histórico em sua obra. Portanto, soam de modo coerente e pertinente, contribuindo para entendermos a origem atual das riquezas de indivíduos e nações, e como ela contrasta com a forja dos impérios e fortunas do passado. Fiz tais reflexões ao visitar as pirâmides do Egito. As de Gizé, terceira maior cidade do país, no lado ocidental do Rio Nilo, estão entre as maiores estruturas já construídas desde a Antiguidade. Seu conjunto forma a única das sete maravilhas do mundo que permanece em pé.

É uma visão majestosa. Somente quem fosse muito rico e/ou poderoso, e que estivesse numa espécie de lista da revista Forbes do ano 4000 a.C., poderia construir monumentos assim. Mas o que esquecemos é que aqueles impérios de reis e faraós sustentavam-se com imensas riquezas acumuladas por meio de saques, pilhagens e escravidão. É clássica a passagem bíblica dos hebreus como escravos no Egito.

Felizmente, o livre mercado mudou radicalmente esse processo histórico e econômico da riqueza das pessoas e nações. Se no passado dinheiro e poder eram tomados, saqueados, herdados ou obtidos pela escravidão, hoje são advindos da inteligência e inovação. Pense nisso: das dez pessoas mais ricas do mundo em 2019, conforme o ranking mais atual da Forbes, nove são empreendedores independentes. Nenhum deles herdou algo. Isso contrasta com os tempos anteriores da história, quando os indivíduos mais ricos eram conquistadores e governantes.

Talvez o patrimônio de empreendedores-inovadores como Bill Gates ou Larry Page incomode algumas pessoas. Entretanto, nenhum deles é rico pelo uso da força ou da escravidão. Sua fortuna, como ocorre no âmbito do livre mercado, não é fruto de exploração, mas sim de seus próprios méritos. Cada um dos membros da lista atual da Forbes ensina que a riqueza de hoje, que algumas vezes os “progressistas” condenam veementemente, não foi obtida pela força das armas nem dos músculos. É, sim, produto da capacidade humana de pensar, criar e atender às necessidades individuais, coletivas, da sociedade e países, tornando o mundo um lugar melhor para se viver.

A história do futuro está escrita no passado. Winston Churchill, um dos mais célebres primeiros-ministros ingleses, dizia que “quanto mais para trás você olhar, mais adiante você provavelmente verá”. O que precisamos é aprender com a história para não cair nas armadilhas do discurso ideológico de que a riqueza é ruim e deve ser combatida. A lição é que a maioria absoluta das fortunas atuais viabilizou-se à medida que seus donos inovaram e suas ideias melhoraram o padrão de vida de todas as classes sociais.

Antônio Cabrera Mano Filho, médico veterinário com MBA em Agroenergia, é empresário do setor rural e foi ministro da Agricultura (1990-1992).

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