A polêmica envolvendo a Praça do Japão e o Ligeirão Norte gira em torno de dois fatores fundamentais na vida da cidade. De um lado, a necessidade inquestionável de melhorar e ampliar o transporte coletivo – e o Expresso Linha Direta, que a população conhece como Ligeirão Azul, é fator decisivo neste processo. De outro, a necessidade de preservar uma das nossas mais belas praças, a do Japão – sem a qual Curitiba não seria a mesma.

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Aos técnicos apresenta-se o desafio de desenhar uma solução que atenda tanto ao transporte coletivo quanto à manutenção da praça. Assim, não se pode simplificar a questão como uma mera disputa entre dois lados, a favor ou contra. Porque neste caso só pode haver um lado, o de uma cidade que precisa melhorar seu transporte coletivo e preservar a história e a beleza de sua Praça do Japão.

Para vencer um desafio desta envergadura, faz-se necessária uma análise conjunta do projeto proposto, uma análise envolvendo poder público e sociedade – como vai acontecer amanhã em mais uma reunião da comunidade com a área técnica da Urbs, a empresa que gerencia o transporte coletivo.

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A proposta a ser apresentada à comunidade consiste na melhoria da qualidade do sistema de transporte com a implantação do Ligeirão Norte, que é um ônibus biarticulado direto, desde o Terminal Santa Cândida até a Praça do Japão, com apenas oito pontos de paradas intermediárias. Para dar passagem a este Ligeirão, o projeto prevê uma interferência mínima, usando apenas 4% de área na borda da praça para a circulação do ônibus.

O projeto prevê a preservação das características originais da praça e não inclui criação de terminal de transporte nem implantação de estação-tubo nesse espaço. As estações continuarão na Sete de Setembro, que é uma via estrutural, projetada há 40 anos para a implantação do Sistema Expresso.

Embasa essa proposta o interesse dos quase 130 mil passageiros/dia no Eixo Norte, 50 mil deles diretamente beneficiados por uma linha de ônibus que permitirá um ganho de 15 minutos por viagem. Para quem mora numa ponta e trabalha na outra isso representará 10 horas a menos por mês dentro do ônibus. Quem usa ônibus sabe o que isso representa. Medidas como essa garantem a melhoria da qualidade do transporte coletivo e visam atrair mais usuários para o sistema – especialmente aqueles que utilizam o carro como meio de transporte, beneficiando também o trânsito da cidade.

Da mesma forma, independentemente do meio de locomoção que usemos, todos sabemos da importância da Praça do Japão, uma homenagem aos imigrantes japoneses que chegaram no início do século passado, conservada com extremo cuidado pela comunidade nipônica e moradores da cidade.

O Ligeirão e a Praça do Japão, referências importantes para toda a cidade, não podem ser tratados de forma isolada e conflitante. Curitiba é conhecida pelo seu planejamento em busca de soluções que atendam a todos, por isso a importância na manutenção de permanente diálogo.

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Olga Mara Prestes é arquiteta da Urbs.