Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o comércio internacional brasileiro apresentou a terceira maior queda em valor entre os países do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo. Com isso, os resultados do Brasil só ficaram à frente da Coreia do Sul e da Indonésia. No primeiro trimestre de 2019, as exportações brasileiras registraram US$ 58,6 bilhões, enquanto no 4.º trimestre de 2018 o resultado verificado foi de U$ 62,6 bilhões. Com relação às importações, o primeiro trimestre de 2019 apresentou US$ 42,4 bilhões ante US$ 45,2 bilhões no mesmo trimestre do ano anterior.
A incerteza e instabilidade do mercado com a desvalorização do real contribuem para o atual cenário de comércio internacional do país que apresenta tendências a quedas maiores caso a economia não se ajuste às circunstâncias atuais. A guerra comercial entre Estados Unidos e China também desacelera os negócios em nível global, principalmente nos países com economias emergentes. Para o Brasil, até o momento, esse embate teve efeitos positivos, como o fato dos aumentos de impostos de alimentos dos EUA para a China, a qual começou a importar mais soja brasileira.
As perspectivas não são favoráveis caso as tensões não sejam resolvidas ou se políticas macroeconômicas fracassarem
Outra grande oportunidade para o Brasil é a peste suína, que está fazendo com que a China busque negócios com os frigoríficos brasileiros. Com esta demanda inesperada, os empresários do setor estão adequando suas plantas, o que proporcionará aumento na geração de empregos. Outro reflexo, não tanto auspicioso pela ótica do consumidor, é que os preços das carnes podem ter aumento no mercado brasileiro.
A crise cambial da Argentina também afetou as exportações brasileiras, principalmente no setor automotivo, o que está fazendo com que o Brasil comece a prospectar novas oportunidades em outros países. Vale destacar, também, que o Reino Unido apresentou crescimento de 5% nas suas exportações devido à estocagem de empresas e ao aumento da atividade comercial em meio às indefinições provocadas pelo Brexit.
Nessa cena, a Organização Mundial do Comércio (OMC) relata que a diminuição dos negócios internacionais teve continuidade no segundo trimestre. As perspectivas não são favoráveis caso as tensões não sejam resolvidas ou se políticas macroeconômicas fracassarem nos ajustes necessários às circunstâncias atuais.
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O Brasil precisa reagir à incógnita do momento em que se encontra em sua fase de reestruturação econômica, onde as decisões tomadas impactam nos negócios internacionais do país. A indústria brasileira, por sua extensão, ainda está voltada ao mercado interno, o que faz do Brasil o país mais fechado para o comércio internacional entre todos os demais integrantes do G20. Ainda somos vistos como o gigante adormecido no comércio exterior.
Não obstante, apesar da morosidade nas decisões a serem tomadas pelo atual governo, a expectativa dos empresários é de otimismo com o foco no aumento da participação do comércio internacional brasileiro no produto interno bruto (PIB) e em novos acordos internacionais. A expansão internacional e os acordos com investidores serão importantes para a melhor integração do Brasil dentro do G20, bem como a definição das perspectivas futuras nos negócios internacionais.
O fato é que existem sinais de desaceleração econômica mundial, porém, caso o cenário internacional seja ruim para as outras economias, para o Brasil poderá ser a oportunidade de novos investimentos estrangeiros.
Robson Amorim é professor da Isae Escola de Negócios, gestor de negócios internacionais e colaborador do Painel de Economia e Tendências Empresariais do Isae Escola de Negócios.
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