Programada para ocorrer em 2020, a Copa América, tal como a Eurocopa, foi adiada para 2021 em razão da pandemia da Covid-19. A competição ocorreria pela primeira vez na história em dois países: Argentina e Colômbia. No entanto, a dias do início da competição, ambas as sedes desistiram de receber o evento e a Copa América, agora, será realizada no Brasil.
A Colômbia desistiu em razão da crescente tensão social no país e da repressão violenta a protestos por parte da polícia. As manifestações ocorrem em razão do descontentamento da população contra medidas econômicas do governo local, que teriam causado um empobrecimento da população. Ou seja, a desistência não se deu por causa da pandemia, mas por instabilidade política.
Já a Argentina utilizou a pandemia para justificar a desistência. Entretanto, o fato é que a Argentina está mergulhada em uma profunda crise econômica. Em 2020, o país sofreu uma retração de 10%, em seu pior ano econômico desde 2002, quando a economia recuou 10,9%. Em abril de 2020, houve uma queda de atividade de 25,4%. O motivo real, embora não declarado, da desistência dos argentinos foi a instabilidade econômica, não a pandemia.
O Brasil seria o caminho natural para viabilizar a realização da Copa América na América do Sul. O país tem a melhor infraestrutura hoteleira e de estádios; é o país que mais vacinou, apesar de tudo; tem as instituições mais estáveis; e está em franca recuperação econômica, com previsão de crescimento de 5% este ano. Urge destacar que a realização da Copa América no Brasil dará um fôlego para os setores hoteleiro e aeroviário das sedes.
No entanto, logo que foi anunciada a transferência da competição para o Brasil, com amplo apoio do governo federal, iniciaram-se as críticas, especialmente dos opositores ao governo e do Grupo Globo. Na sequência, os jogadores da seleção iniciaram movimento para não jogar a Copa América, mas recuaram.
Qualquer manifestação contrária à realização da Copa América no Brasil não é motivada pela razão, mas por questões circunstanciais. A oposição brasileira adota o caminho do “quanto pior, melhor”. Assim, toda e qualquer medida que tenha apoio do governo federal será atacada sem qualquer análise científica ou empírica. O Grupo Globo, por sua vez, pela primeira vez em décadas, não transmitirá a Copa América. Os direitos da competição na tevê aberta são do SBT, e da Disney (canais ESPN e Fox) na tevê fechada.
No que tange aos jogadores, o fato é que a Copa América é uma competição de segunda linha e que não acrescenta nada para os milionários atletas. Abrir mão de jogar a Champions League, os Jogos Olímpicos, a Libertadores, a Copa do Mundo, ninguém quer.
A Copa América reunirá dez seleções com testes de Covid e que permanecerão em uma bolha. O risco para atletas e terceiros é próximo de zero. Na Libertadores, por exemplo, cada um dos times brasileiros recebeu três adversários estrangeiros e viajou três vezes com maior circulação, sem bolha e, por consequência, maior risco a todos. Outras competições, como o Campeonato Brasileiro, as Eliminatórias e a Copa do Brasil, têm equipes inteiras circulando e atletas e comissões técnicas em vida normal, ou seja, convivendo com familiares e amigos.
Não há de se apagar o Sol com a peneira: o movimento contrário à Copa América é político, oportunista e circunstancial. A verdade é que atletas utilizaram a Covid como pretexto para não perderem as férias; o Grupo Globo, para minar a competição que será transmitida pela concorrência e competirá com a Euro e os jogos da seleção feminina, transmitidas pelo Grupo Globo; e a oposição para, como habitual, causar tumulto.
Quem é contra a Copa América tem de ser coerente e ser contra os Jogos Olímpicos, que envolverão milhares de atletas de 200 países. Coerência necessária para não se gerar dúvidas de que os gritos histéricos contra a Copa América não sejam fruto de oportunismo, interesse comercial e político. Pois o fato é que qualquer medida que não seja a realização da Copa América será tudo, menos ação de combate à pandemia.
Gustavo Lopes Pires de Souza é mestre em Direito Desportivo pela Universidade de Lérida (Espanha), MBA em Consultoria e Gestão Empresarial, especialista em Gestão em Marketing Digital e membro da Academia Nacional de Direito Desportivo.
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