As instituições de ensino públicas e privadas, em 2023, estão mantendo a continuidade das atividades presenciais aos estudantes e profissionais da educação. Com a diminuição dos casos de Covid-19 e ampliação da cobertura vacinal, as escolas agora podem dar prioridade ao processo de ensino e de aprendizagem, numa tarefa que engloba a superação de defasagem cognitiva e a ampliação da qualidade da educação.
Neste momento da educação, um fator de extrema relevância nesta retomada da qualidade do ensino é a valorização profissional dos professores, com destaque aqui a garantia do pagamento do piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, instituído pela Lei 11.738 de 2008, que vai passar de R$ 3.845,63 para R$ 4.420,55, com a aprovação da Portaria 17/2023 (16/01/2023), para a jornada de, no máximo, 40 horas semanais. É também de fundamental importância que o poder público continue exercendo seu papel de controle, buscando disseminar protocolos de saúde que visem à prevenção de doenças infectocontagiosas, em especial, a Covid-19 (que por sinal, ainda não terminou).
A qualidade de ensino não será alcançada apenas com a boa vontade dos professores, com varinha mágica ou com promessas de políticos em campanha eleitoral.
Com a pandemia, fomos obrigados a mudar, drasticamente, a organização do trabalho pedagógico das escolas da forma presencial para a educação a distância com atendimento à educação básica. Mas, infelizmente, isso ocorreu sem as condições necessárias, metodologias de ensino adequadas, respeito aos tempos escolares e à proposta pedagógica. Contudo, é inegável que a pandemia, iniciada em 2020, promoveu uma grande reflexão sobre o uso das tecnologias na escola e, com certeza, serão necessárias políticas públicas voltadas à aquisição de recursos tecnológicos como: computador, notebook, celular, tablet e internet para inclusão digital, principalmente, nas escolas públicas.
De acordo com dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica de 2022 (SAEB), a pandemia trouxe grandes desafios, a proporção de estudantes com problemas de língua portuguesa passou de 15,5% em 2019 para 33,8% em 2021. Com certeza, o impacto foi ainda mais significativo para as crianças em fase de alfabetização, pois os relatos dos professores indicam que as crianças estão mais lentas para realizar as tarefas.
Nos próximos anos, será necessário um acompanhamento específico por parte das coordenações pedagógicas e dos professores, em especial para as turmas dos 4° e 5° anos do ensino fundamental, para que ocorra a retomada do processo de alfabetização, mas, ao mesmo tempo, com efetivo trabalho nos componentes curriculares essenciais ao processo de formação humana dos estudantes.
São diversos os fatores que necessitam de melhoria, seja na educação pública ou privada, e cada ente da Federação possui uma caminhada com realidade única. A qualidade de ensino não será alcançada apenas com a boa vontade dos professores, com varinha mágica ou com promessas de políticos em campanha eleitoral.
É muito importante o investimento do poder público, embasado em mapeamento contínuo, produzindo dados qualitativos, que permitam a tomada de decisão voltada à superação das dificuldades nas escolas públicas e particulares, o que com certeza irá colaborar para a qualidade do ensino e a participação da comunidade no dia a dia das escolas.
Marcos Aurélio Silva Soares é mestre em Educação e coordenador de cursos de pós-graduação na área de Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.
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