Fico feliz que estejam dando cada vez mais atenção ao estado deplorável do ensino superior nos Estados Unidos. Heather MacDonald, pesquisadora no Manhattan Institute, acabou de publicar The Diversity Delusion (“A ilusão da diversidade”). Seu subtítulo resume boa parte do conteúdo do livro: “Como a submissão a questões de raça e gênero estão corrompendo a universidade e erodindo nossa cultura”.
Parte dessa rendição ao gênero nas universidades existe para satisfazer a obsessão por diversidade na National Science Foundation e nos National Institutes of Health, que dão milhões de dólares às universidades para financiar projetos. Se as faculdades não se esforçam para diversificar seus programas de Ciência, Tecnologia, Engenharias e Matemática (conhecidos como “Stem”), podem perder milhões em recursos.
Um cientista da Ucla diz que “em todo o país, a grande questão atual no Stem é: como podemos promover mais mulheres e minorias ao ‘alterar’ (isto é, reduzir) as exigências que tínhamos estabelecido anteriormente para estudantes de pós-graduação?”
MacDonald diz que “a resolução de problemas matemáticos está perdendo importância para mais projetos de grupo qualitativos; o ritmo do ensino de Física na graduação está sendo desacelerado para que ninguém fique para trás”.
Os obcecados pela diversidade ignoram o fato de que existem diferenças sistêmicas entre raças e sexo que influenciam os resultados
Os obcecados pela diversidade ignoram o fato de que existem diferenças sistêmicas entre raças e sexo que influenciam os resultados. Os homens superam as mulheres nos níveis mais avançados de Matemática, mas estão super-representados nos níveis mais baixos de competência matemática. Em 2016, o número de homens que tiveram resultado acima de 700 no SAT (exame aplicado a estudantes do ensino médio norte-americano) era quase o dobro do número de mulheres com o mesmo desempenho. Entre os 0,01% mais habilidosos em Matemática, há 2,5 homens para cada mulher, de acordo com a edição de fevereiro deste ano da revista Intelligence.
Em termos de carreira, as mulheres são mais “focadas em pessoas” que os homens. Isso pode explicar por que as mulheres são 75% dos trabalhadores em saúde, mas apenas 14% dos engenheiros ou 25% dos profissionais de computação. Quase 82% dos residentes em Ginecologia e Obstetrícia em 2016 eram mulheres. MacDonald pergunta, com sarcasmo: “a ginecologia tem um viés contra os homens, ou as mulheres é que estão escolhendo onde elas querem trabalhar?”
The Diversity Delusion mostra práticas acadêmicas que chegam à beira da loucura em muitas universidades. Em nenhum outro lugar essas práticas são tão insensatas e prejudiciais a seus supostos beneficiários quanto nos esforços das universidades para promover diversidade racial.
A UC Berkeley e a Ucla são os câmpus mais competitivos dentro da Universidade da Califórnia. Antes que a Proposição 209 proibisse qualquer discriminação por raça, a pontuação média no SAT para negros e hispânicos na Berkeley era 250 pontos menor que a de brancos e asiáticos. Era uma diferença difícil de ignorar em sala de aula. John Searle, renomado professor de Filosofia de Berkeley que considera a ação afirmativa um desastre, disse que “eles aceitavam gente que mal sabia ler”.
Leia também: Uma certa dose de desigualdade (artigo de Renato Pacca, publicado em 12 de julho de 2017)
Leia também: O “suissinato” das universidades (artigo de Cristovam Buarque, publicado em 21 de setembro de 2017)
Thomas Sowell e outros já discutiram o problema de juntar estudantes díspares. Alunos negros e hispânicos que podem ter bom desempenho em um ambiente menos competitivo são admitidos em universidades altamente competitivas e falham.
Pais negros não têm nenhuma obrigação de fazer acadêmicos esquerdistas se sentirem bem sobre si mesmos, permitindo que eles façam de seus filhos um fracasso.
Muitos leitores sabem que sou professor de Economia na George Mason University. Alguns leitores me perguntaram sobre um evento chamado “Orientação a calouros negros”, realizado em 25 de agosto e anunciado como uma chance para os estudantes conhecerem melhor a comunidade negra na universidade.
A George Mason não é a única a promover separação em nome da diversidade e da inclusão. Harvard, Yale, Ucla e muitas outras universidades, incluindo a própria George Mason, realizam cerimônias de formatura exclusivas para negros. E a segregação vai muito além da formatura: Cal State Los Angeles, a Universidade de Connecticut, UC Davis e UC Berkeley, entre outras, têm alojamentos segregados racialmente para os estudantes negros.
Administradores universitários e membros de faculdades que se curvam às exigências por atividades racialmente segregadas perderam sua bússola moral, pra não dizer o bom senso. Estou certo de que, se estudantes brancos pedissem um alojamento só para brancos, ou cerimônias de formatura só para brancos, a comunidade universitária estaria enfurecida.
Alguns administradores fracos argumentam que ter atividades e instalações só para negros é acolhedor, e pode fazer os alunos negros se sentirem melhor. Eu me pergunto se eles também apoiariam pedidos de alunos, brancos ou negros, para que houvesse banheiros separados (por tema) ou bebedouros segregados.
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