Acompanhei, com interesse, a série de reportagens "Crime sem Castigo", publicada no decorrer desta semana por esta Gazeta do Povo. Trata-se de obra jornalística relevante que, cumprindo o papel da imprensa, expôs situações e problemas com o objetivo, declarado no editorial do domingo passado, de constituir substrato elementar a auxiliar no combate das mazelas que historicamente marcam o trabalho investigativo da Polícia Judiciária.
Não é segredo para ninguém o estágio de deterioração em que a segurança pública, modo geral, se encontra no Brasil. Responsabilizar as gestões anteriores ou a questão socioeconômica é cômodo e certamente razoável, mas não trará solução prática ao problema. Com efeito, a população está cansada de repetidamente receber justificativas. Quer ver resultados, com a implementação de soluções definitivas. Foi esse o recado que veio das ruas nas recentes manifestações. E é, igualmente, o clamor das pessoas ouvidas na série de reportagens. Poderia, neste artigo, apontar distorções ou diferenças entre os dados encontrados pelos jornalistas e os dados oficiais. Mas não. Nós enfrentamos o problema sem cortina de fumaça.
Peço permissão para relatar ao leitor, para além das ações policiais de resultados que têm marcado nossa gestão, um breve cenário do planejamento estratégico que foi inaugurado nos 11 meses em que estou à frente da Secretaria de Estado da Segurança Pública. Quando recebi o convite do governador Beto Richa, recebi também a determinação de que todos os esforços para a mudança do cenário fossem utilizados. Aceitei o desafio. E assim tem sido feito. De forma incansável.
Imediatamente após a posse, instalamos o Fundo Especial de Segurança Pública (Funesp), que, além de planejar os investimentos da pasta, por minha determinação passou a sediar inéditos debates entre os membros das cúpulas das instituições do setor, integrando e coordenando projetos em comum. Em apenas dez meses de funcionamento, o Funesp foi responsável por mais de R$ 192 milhões de investimentos em segurança pública. Os resultados mais visíveis são os novos equipamentos e viaturas que, utilizados em operações policiais, a exemplo da Nhapecani, e aliados à integração cada vez maior entre as polícias Científica, Civil e Militar, em curto prazo já obtivemos a significativa queda de quase 17% nos índices de criminalidade, se comparados os anos de 2012 e 2013, conforme já noticiado por esta Gazeta.
Grupos de especialistas iniciaram trabalhos de planejamento para curto, médio e longo prazo. Destaque para o comitê de tecnologia, que busca aprimorar a integração dos bancos de dados policiais e trazer à gestão da segurança pública ferramentas modernas e aptas a prevenir e solucionar crimes. Já dispomos, com o auxílio da Celepar, de algumas ferramentas de Business Intelligence (BI) e, nos próximos meses, teremos o lançamento de um importante sistema gerencial, que possibilitará o preciso diagnóstico da segurança pública e, consequentemente, a adoção dos remédios mais eficazes, pela gestão aprimorada. Sem tecnologia, não venceremos a luta. Já no primeiro semestre deste ano, contatamos a prestigiosa Universidade de Chicago, que oferecerá, por meio do seu laboratório do crime o Crime Lab , subsídios para a criação de nosso próprio "laboratório do crime", que nos auxiliará na formulação e implementação das políticas públicas no setor.
Tudo isso já está acontecendo. Com tal planejamento, em conjunto com os trabalhos policiais de inteligência, prevenção, repressão e investigação, já estão sendo sentidos os efeitos na redução da criminalidade. É somente o início de um ciclo estruturado, de políticas de estado na segurança pública, pautadas no que existe de melhor e que, certamente, tornará nosso Paraná cada vez mais seguro.
Cid Marcus Vasques é secretário de Segurança Pública do Paraná.
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