Imagem ilustrativa.| Foto: Bigstock
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A adoção do horário de verão e o seu significado pairam acima de uma série de convenções comuns explicitadas por autoridades públicas e os comentários sobre seus efeitos biológicos no corpo humano, tão explorados pela imprensa. Após a crise do apagão elétrico do início deste século, este recurso – regular em nações do Hemisfério Norte – propiciou algo muito mais relevante do que a economia de MW desejada em face da ausência de investimentos para suprir a demanda da sociedade por energia elétrica. Engajou a todos no propósito de ampliar o uso de recursos naturais – como a claridade solar – em nosso favor, a exemplo de países como Canadá ou Rússia, que habilmente manejam estas fontes a favor de uma melhor convivência social.

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Respeitando-se as situações específicas de cada região, o horário de verão é instrumento fundamental para cuidar da demanda excessiva de forma que, em conjunto com outras medidas que incentivem a economia, gerem benefícios a todos os envolvidos. Como liderança empresarial também do setor de serviços, apoio a medida. O fim do horário de verão, há dois anos, foi infelizmente fundamentado em argumentos políticos em vez de técnicos – uma pena.

Pior é constatar que governos de todas os matizes passaram pelo centro do poder sem adotar medidas estruturais que impedissem o ambiente assustador que vivemos agora. Simplesmente não há garantia de entrega de energia elétrica – independentemente do preço – para todos. O que o Amapá tem enfrentado é piloto da ameaça que pode se concretizar a qualquer momento.

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A sociedade, as pessoas, as empresas estão fragilizadas e um apagão seria mais um peso a se somar aos​ gerados pela pandemia e pela instabilidade política que a todos preocupa. As pequenas empresas, especialmente​​ as de comércio, turismo e atividades culturais, foram as mais atingidas pela pandemia e têm muito a ganhar com maior duração do dia, como acontece no horário de verão.

Entre os que têm muito a ganhar estão os bares e restaurantes que sobreviveram à pandemia. Estão todos fragilizados, mais de 90% deles bastante endividados, com dificuldades de pagar suas contas​ e retomar plenamente as atividades. O horário de verão certamente seria de grande ajuda para esse setor, vez que, com a claridade e a perspectiva de todos estarmos vacinados, as pessoas se sentem mais à vontade e mais seguras para dar umas voltas, ter um tempo de descontração, de alegria, reforçar amizades ou travar novos conhecimentos, socializar-se, jogar conversa fora, quem sabe até tomar um chope, atividades propiciadas de forma insuperável pelos bares e restaurantes, principalmente os que têm mesas nas calçadas, possibilidade que deve ser estimulada em todas as cidades.

Abrasel, em São Paulo, está fazendo campanha de divulgação do happy hour, com estabelecimentos oferecendo descontos, e pelo retorno ao uso de mesas nas calçadas e até na parte do leito da rua usada para estacionar veículos, a que fica em frente aos estabelecimentos. Saem máquinas, entra gente, seres humanos, a cara da cidade muda. É só perguntar a quem foi a Paris, Barcelona, Florença e tantas outras cidades voltadas para o ser humano e não para automóveis. Sair para jantar também é mais agradável com horário de verão, quando a luz do sol dura bem mais que no horário comum. As pessoas têm mais disposição e segurança, os estabelecimentos ficam mais acessíveis.

A maior atividade econômica nesse horário, ainda com a luz natural, certamente refletirá em outros setores como taxistas, postos de gasolina e shoppings, gerando emprego, PIB, serviços, tributos, mas, principalmente, mais movimento, vida, humanidade e alegria à cidade. São motivos mais que suficientes para fazer as autoridades considerarem a volta do horário de verão. Afinal, há muito a ganhar e nada ou muito pouco a perder.

Percival Maricato é advogado e presidente da Abrasel-SP. 

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