A socialização do fracasso acontece sempre que qualquer tentativa de fazer algo melhor do que o mínimo passa a representar uma ofensa mortal a quem se satisfaz com o ínfimo, e afirma que nada mais pode ser feito.

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O teólogo São Tomás de Aquino, um dos grandes pensadores do Cristianismo, afirmou que "se a meta principal de um capitão fosse preservação de seu barco, ele jamais sairia do porto". Isso se aplica a praticamente todas as atividades humanas. Vemos com frequência atitudes timoratas serem tomadas em empresas, escolas, famílias, governos, e que buscam apenas uma segurança enganosa.

A manutenção do status quo, o medo do risco, a recusa à exposição daquele que deveria estar na linha de frente, que parte do princípio de que quem não realiza não erra, mas também não acerta, esconde um confortável limbo de mediocridade.

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O Ministério da Educação está, com justiça, preocupado com a enorme quantidade de jovens entre 15 e 17 anos que ainda estão no ensino fundamental e para enfrentar o problema, sério e merecedor de atenção, criou o Programa Nacional de Adequação de Idade/Ano Escolar, com o objetivo de "acelerar" a educação desses jovens e possibilitar que eles acessem o ensino médio.

A proposta tem grandes méritos, inclui qualificação especial de professores para escolas de ensino fundamental que tenham muitos estudantes com distorção idade/série, a produção de materiais didáticos específicos e eventual ampliação de jornada escolar para uma modalidade de ensino integral e profissionalizante.

Onde o plano peca é na ideia de "induzir a produção de uma proposta curricular específica para os jovens acessarem o ensino médio". Infelizmente, são muitos os exemplos de redução de expectativas em avaliação, quando convém a quem avalia apresentar resultados meramente quantitativos. Educação é dever do Estado, essencial que siga sendo o caminho para a melhoria de vida e perspectivas futuras da população, e isso não será atingido reduzindo as esperanças em relação ao educando desperiodizado.

Essa defasagem acontece devido a muitos motivos, entre eles, possivelmente a situação financeira da família, a necessidade da inserção precoce no mercado de trabalho, o desestímulo pelas funções intelectuais, o legado cultural deficiente que não favorece a integração na comunidade escolar.

Produzir novos currículos com a finalidade única de promoção, reduzindo as exigências, leva o aluno ao período correto, mas ainda carente de conhecimentos, claudicante no processo educacional.

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Inflar estatísticas, sem suprir lacunas de formação, gerará diplomados sem conhecimento, trabalhadores sem cidadania, e mantenedores de um velho país que todos conhecemos.

Wanda Camargo, educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil).