Começo do fim, para logo retomar ao princípio. Sou professor de Filosofia no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da Universidade Federal de Pernambuco. Fui alçado à condição de persona non grata da esquerda acadêmica. Já se tornaram amplamente conhecidos os atos de vandalismo a que foi submetida a minha sala na UFPE. Sou o “bad boy da direita”, atacado pela esquerda. Na sala, estantes atiradas ao chão, livros amassados e pisoteados. Numerosas pichações. Entre elas, ameaçadora e já notória, lia-se esta: “Stalin matou pouco”.
Mas retorno ao passado recente. Pouco tempo se passara do meu ingresso no Departamento de Filosofia da UFPE e um punhado de alunos perspicazes já se apercebera de minha ojeriza ao pensamento de extrema-esquerda. Entre brincalhões e provocadores, interpelavam-me para perguntar se eu assistiria à palestra do comunista Slavoj Zizek, recebido com fanfarra naquela casa, embora seja um declarado admirador de ações violentas, resvalando numa mal disfarçada simpatia pelo terrorismo. Aos alunos respondi, muito simplesmente, que não iria. Aquela não era minha praia, como os meus queridos alunos bem o sabiam.
Ganhei fama de golpista, fascista, nazista, sionista – já ouvi todos esses xingamentos urrados de uma só vez
- Quem define os limites da sala de aula? (artigo de Robson de Oliveira, publicado em 4 de janeiro de 2017)
- Câmpus-santo (artigo de Gabriel Ferreira, publicado em 8 de outubro de 2014)
- A universidade brasileira precisa chegar ao século 21 (artigo de João Filippe Rodrigues, publicado em 19 de julho de 2016)
Isso foi o que fiz. Apresso-me, entretanto, a assinalar o que não fiz. Não convoquei uma turma de arruaceiros para perturbar evento alheio, não pichei paredes em sinal de protesto. Na verdade, nem sequer tentei demover um único aluno do intuito de comparecer ao evento que bem lhe aprouvesse. Defendo incondicionalmente a liberdade de expressão. Tristemente, na condição de conservador em valores e de liberal em economia, não me vejo em posição de dizer que a mim foi concedido o mesmo tratamento.
Em maio de 2016, um evento sobre marxismo cultural, que coordenei na UFPE, foi sumariamente invadido por uma professora de Antropologia que, ladeada por um séquito de militantes, achou-se no direito de interromper os trabalhos a pretexto de cobrar satisfações. Ora, onde já se viu criticarem o marxismo? Passado um dia, resultou evidente que alguns alunos e professores descontentes tentaram fazer minha caveira no Departamento de Filosofia. Em medida estritamente defensiva, levei o caso à imprensa.
Iniciava-se ali, entre os esquerdistas, minha fama de golpista, fascista, nazista, sionista. Sim, já ouvi todos esses xingamentos urrados de uma só vez. Foi em agosto, num debate em que defendi Israel resolutamente. Creio que, ainda mais que do primeiro episódio, vem daí o ódio movido a mim por uma parcela apreciável da esquerda acadêmica. Não muito tempo depois, fui literalmente enxotado, aos gritos de “fascista”, de um evento na Faculdade de Filosofia de Caruaru, em que eu cometera a temeridade de defender o projeto Escola sem Partido.
Assinalaria com grande prazer quaisquer moções formais de desagravo em favor de minha pessoa que houvessem sido movidas por colegas professores do Centro de Filosofia e Ciências Humanas, em alguma dessas ocasiões. Solidariedade recebi de um colega ou outro. É que, na universidade brasileira, a esquerda manda e desmanda. Lança no ostracismo ou no limbo a quem bem queira. De colegas espero pouco – e, do reitor, nada espero.
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