Nunca é demais reconhecer o impacto negativo do gigantismo da tarefa imposta ao governo Michel Temer, mormente em termos da recuperação do ritmo de desenvolvimento da economia, completamente destroçada pelos 13 anos dos governos anteriores, cuja irresponsabilidade na execução de políticas públicas e absoluto descontrole nos gastos sustentados pelo erário levaram o país a um calamitoso estágio de cortes na produção industrial e consumo das famílias.
A escolha da equipe econômica e, particularmente, de seu chefe, o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, foi uma demonstração cabal não apenas da determinação do presidente Michel Temer em recuperar a economia dentro do prazo mais breve possível, mas da responsabilidade ética e moral de reparar os abalos sofridos por uma economia reconhecida mundialmente por sua importância.
A contaminação do ambiente econômico-financeiro permite constatar ainda, em grande parte das administrações estaduais – algumas à beira da insolvência por terem gastado quase o total da arrecadação no custeio da máquina –, a enorme dificuldade dos gestores na realização de investimentos em áreas de interesse da maioria.
A hora exige ainda o aperto dos cintos
Entretanto, apesar das medidas duras como o aumento de impostos que penalizou o setor empresarial, especialmente o comércio, é de justiça reconhecer que o governo do Paraná evitou o agravamento interno da crise, tornando-se uma das poucas exceções na feitura do ajuste fiscal e ordenamento das contas, com o que manteve alguma capacidade de investir.
Na opinião generalizada de analistas de mercado, já são visíveis os primeiros, mas ainda débeis sinais de recuperação da economia, embora haja coincidência nesta formulação de que somente em 2017 as mudanças de rumo adotadas pelo governo central começarão, efetivamente, a produzir frutos.
A hora exige ainda o aperto dos cintos. O tratamento para a gravíssima crise econômica que paralisou a atividade produtiva em todo o território nacional requer remédios amargos, uma quota adicional de sacrifícios e perdas sociais cuja síntese é a crueldade numérica de 12 milhões de desempregados.
A transformação deste quadro antagônico não é passível de ser operada da noite para o dia; tampouco é razoável esperar que as autoridades monetárias do país disponham de uma poção mágica capaz de curar um paciente desenganado.
Diante do cenário atual, é responsabilidade das lideranças representativas dos vários segmentos do setor produtivo, sem retirar a confiança nas medidas preconizadas pelo governo, continuar enfatizando a urgência com que as medidas saneadoras deverão ser implantadas.
Uma política ainda mais radical do Comitê de Política Monetária (Copom) no corte da taxa de juros, amparada em seguros mecanismos de salvaguarda que ajudem a recuperação dos índices de consumo, não criação de novos impostos, projetos de financiamento para as empresas, incentivos às exportações e investimentos em obras na infraestrutura, é um dos passos que o governo pode tomar no plano imediato a fim de dinamizar a criação de empregos com a retomada da produção e, mesmo, do aumento da arrecadação.