Desde 12 de fevereiro passado, quando milhares de estudantes saíram às ruas para protestar pacificamente em diversas cidades da Venezuela, o governo de Nicolás Maduro empreende uma nova fase de repressão às oposições no país, ora encarcerando políticos, como Leopoldo López, ora batendo com sua mão mais pesada nos estudantes que ainda ousam pedir mudanças na condução política e econômica do "bolivarianismo", regime implantado por Hugo Chávez na década passada. Um modelo de gestão fracassado que apenas levou escassez, pobreza e opressão aos venezuelanos.

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Neste cenário de caos e de violência gerados pelo Estado e suas forças de repressão, notadamente a Guarda Nacional Bolivariana (GNB), estive com alguns colegas do Parlamento italiano em Caracas, em missão oficial, onde pude certificar-me de que a Venezuela precisa de ajuda internacional não apenas quanto a uma mediação do conflito, mas principalmente quanto à divulgação dos funestos acontecimentos dos últimos meses. Refiro-me objetivamente às constantes violações dos direitos humanos perpetradas pelo regime de Maduro.

Por isso, além de denunciar as violações na Itália e no Brasil, estive com a deputada cassada de oposição Maria Corina Machado em Estrasburgo, sede do Parlamento Europeu, onde ela denunciou o governo venezuelano àqueles parlamentares. Desde então, ajudo-a a recolher assinaturas de apoio a uma representação contra Maduro na Corte Penal Internacional de Haia, além de um abaixo-assinado contra a própria violência sofrida por Maria Corina, arbitrariamente afastada de suas funções parlamentares por decisão monocrática do presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello. Sua "culpa": ter denunciado o governo na OEA.

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Nos últimos dias, o cerco do governo à deputada cassada foi ampliado. Ela pode ser presa a qualquer momento por supostamente tramar o assassinato de Nicolás Maduro, além de um golpe de Estado. É que para justificar a repressão criam-se fantasias, deturpam-se opiniões e molda-se a realidade para que o governo a inverta e, de opressor, Maduro vire vítima, um estratagema bastante conhecido de mandatários autoritários e resistentes a qualquer oposição na América Latina.

A situação na Venezuela é grave. Faltam alimentos e artigos de necessidade básica nos supermercados. A inflação é superior a 60% ao mês e – o mais importante de tudo – já são quase 50 os mortos pela repressão e outros mil os presos políticos, a maioria jovens e estudantes. É dever dos brasileiros comprometidos com os valores da democracia defendê-los, já que o governo do PT assiste a tudo passivamente.

Renata Bueno é deputada na Itália.

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