O governador Beto Richa elegeu como principal mote de propaganda os ataques ao governo federal, principalmente no que diz respeito à alegada falta de apoio da presidente Dilma Rousseff ao Paraná. O governador e seus aliados no governo e no Legislativo entoam, afinados, o mesmo coro. A afinação não garante, contudo, a qualidade e coerência do discurso, que tem pernas curtas. Grande parte do que está sendo feito no Paraná é, na verdade, resultado do empenho e dos recursos do governo federal.
Analisando-se os convênios entre o governo federal e os três estados do Sul, no ano de 2012, resulta que o Paraná, com R$ 3,805 milhões, foi a unidade mais aquinhoada, deixando para trás o Rio Grande do Sul (R$ 3,469 milhões) e Santa Catarina (R$ 1,984 milhão).
Os governos petistas nunca deixaram o Paraná à margem. Nos últimos dez anos, o Paraná teve um aumento real de 25,94% nos repasses do Fundo de Participação dos Estados (FPE), em relação ao que obteve durante os oito anos de governo do partido do atual governador. Todos os dados presentes até aqui neste artigo estão no Portal da Transparência.
No ano passado, o governo federal transferiu mais de R$ 10 bilhões para o estado e municípios paranaenses, enquanto o governo do estado realizou apenas R$ 1,3 bilhão de investimentos. Valor pouco superior ao R$ 1 bilhão que a presidente Dilma destinou a fundo perdido ao metrô de Curitiba. Para construir 100 mil casas no estado, serão gastos R$ 700 milhões, dos quais R$ 600 milhões através de financiamento da Caixa Econômica Federal e apenas R$ 100 milhões do governo estadual.
No ensino superior, a média de recursos repassados às nossas universidades federais (UFPR e UTPR) é de R$ 700 milhões/ano, enquanto a média do Rio Grande do Sul é de R$ 466 milhões. O Paraná ganhou novas instituições de ensino superior: temos agora o Instituto Federal do Paraná, a Universidade da Fronteira Sul e a Universidade Federal de Integração Latino-Americana.
Na infraestrutura, foram investidos R$ 600 milhões na melhoria do transporte ferroviário, rodoviário e marítimo. O governo federal está anunciando para maio próximo a concorrência para a construção do novo ramal ferroviário entre Maracaju (MS) e Cascavel. Para o SUS, são R$ 2,6 bilhões, além da construção de centenas de unidades básicas, UPAs e hospitais regionais. Para o desenvolvimento social e combate à fome no Paraná foram destinados mais R$ 59 milhões.
É o governo paranaense que põe obstáculos aos investimentos federais. Uma consulta ao Serviço Auxiliar de Informações para Transferências Voluntárias do Tesouro Nacional mostra que o Paraná lidera o quesito pendências no Cadastro Único de Convênios da União, descumprindo seis dos 14 requisitos fiscais previstos na lei. Não é só isso. Para se ter acesso aos programas e créditos do governo federal, é preciso ter projetos. Como disse recentemente o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, os aportes federais para seu estado foram possíveis "porque o governo estadual elaborou projetos".
Os tucanos paranaenses não conseguem esconder sua real preocupação: as eleições do próximo ano. Do contrário, como explicar que, além da presidente Dilma, o principal alvo da campanha difamatória seja exatamente a ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, eventual adversária do governador na disputa?
Luciana Rafagnin, deputada estadual, é líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa.