A jornalista Mônica Veloso comunicou aos interessados, em entrevista, que está em ponto de bala para estudar proposta para posar nua em pêlo para revista especializadas no gênero.

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Certamente que ninguém tem nada com o uso que cada um faça do seu corpo. E fotos em poses sensuais de artistas, vedetes, esportistas ou jovens de plástica exuberante são remuneradas com fortunas de fazer inveja a quem viva de salário da classe média, empurrada pela política econômica do maior governo do mundo para as fronteiras da pobreza.

Mas, a candidata a ficar pelada no estúdio para ganhar o que não fatura em um ano catando notícias é a estrela do escândalo que rola a mais tempo do que a crise da vergonha do Congresso. E sem solução à vista.

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Na nossa vexada indignação soa como a nota exata para a afinação do episódio galante no seu exato nível de exibição chinfrim por elenco mambembe.

Insinua manobra urdida com a dose maciça de esperteza de quem conhece as fragilidades do alvo. Salta aos olhos mais desatentos que a última coisa que o galã da novela imprópria para menores – senador, presidente do Senado que preside o Congresso, quarto na linha sucessória da presidência – desejaria ver é a mãe da sua filha de três anos, a única verdadeira vítima do enredo sujo, posando nua, em acrobacias sensuais, nas páginas de revista que não costuma ficar exposta em casas de família.

O senador Renan Calheiros não conseguiu fechar as muitas explicações sobre a origem dos recursos com que pagou a pensão para a filha da sua relação extraconjugal com a jornalista Mônica Veloso. E, pelo visto, não fechou as contas da dívida. Nem com a mãe da sua filha ou com a sociedade e com os eleitores alagoanos que o vêm distinguindo com sucessivos mandatos.

O risco à vista chega ao noticiário precisamente quando outro escândalo graúdo ocupa largo espaço no noticiário do Legislativo, sem ter nada mais o que fazer.

A estatura do acusado pela nova tramóia não se compara à do presidente do Senado. Mas, o senador Joaquim Roriz, girassol do ramalhete do PMDB, pode orgulhar-se de uma ficha política tão opulenta como o seu prontuário: quatro vezes governador do Distrito Federal e envolvido em mais de 60 processos no Tribunal de Justiça do DF, em 28 deles como réu. Destaque para o que rola no Supremo Tribunal Federal (STF), sob segredo de Justiça, encaminhado pelo Ministério Público Federal, por improbidade administrativa, jargão forense para a vulgar roubalheira.

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O espertíssimo dono dos votos brasilienses, com habilidade mágica para escapar de processos, caiu como um canário tonto no alçapão da Operação Aquarela do Ministério Público e da Polícia Federal e Civil de Brasília, que gravou a sua conversa com o ex-presidente do Banco Regional de Brasília, Tarcísio Franklim de Moura, em 13 de março deste ano, em que negociava o rateio do resgate do cheque de R$ 2,2 milhões, emitido por Nenê Constantino, dono da Gol, e descontado no BRB.

Na tentativa de justificar a história escabrosa, o senador Roriz produziu um enredo de causar inveja ao celebre barão das potocas. Alega que pediu o dinheiro emprestado para pagar, no dia seguinte, R$ 271,3 mil por uma bezerra de raça Nelore, arrematada em leilão por R$ 531 mil, mas que, paga até aquela data, teria o desconto fantástico de 49%, R$ 260,6 mil.

O PSol não acreditou na delirante fantasia do senador peemedebista e deve entrar com uma representação no Conselho de Ética do Senado por quebra do decoro parlamentar.

Como tampão para a vasta pauta de vergonhas que se acumulam nos cantos do Congresso, como o lixo das mordomias e privilégios, até aqui, com as exceções de praxe, a diligência da maioria oferece a reforma política, nas doses homeopáticas do financiamento público de campanha e do voto em lista fechadas.

É como tratar doente desenganado com emplastro doméstico de linhaça da receita da vovó.

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Villas-Bôas Corrêa é analista político.