Rupert Murdoch e Rafael Corrêa se equivalem, almas gêmeas, descendentes diretos do Dr. Joseph Goebbels, supremo manipulador de mentiras
A decisão da justiça equatoriana que condenou o jornalista Emílio Palácios a três anos de prisão e o jornal El Universo a uma multa de 40 milhões de dólares, confirma e magnifica a sucessão de escândalos protagonizados pela máfia da News Corp nos dois lados do Atlântico.
A imprensa como símbolo supremo da liberdade não pode ficar sujeita às paranoias e imoralidades de déspotas, estejam eles no comando das rotativas ou em palácios, de olho nos botões para desligá-las. Rupert Murdoch e Rafael Corrêa se equivalem, almas gêmeas, descendentes diretos do Dr. Joseph Goebbels, supremo manipulador de mentiras.
O presidente do Equador não precisou sujar as mãos: mandou um juiz substituto de Guayaquil (sua terra natal), títere da tropa de choque bolivariana, ler em 33 horas 5 mil folhas do processo, redigir o parecer com 156 fólios, notificar as partes e ler a sentença protegido por um pelotão de militares fortemente armados. A palhaçada forense completou-se em seguida com a devolução do cargo ao juiz titular. Rafael Correa estava em Cuba, visitando seu homólogo, Hugo Chávez em tratamento de saúde.
O que identifica Murdoch com Corrêa é a voracidade para servir-se da instituição jornalística necessariamente autônoma, pluralista e impor às respectivas sociedades suas convicções políticas totalitárias. Os crimes, ilícitos e malfeitorias cometidos pela troupe de Murdoch (que inclui o filho James e uma "herdeira espiritual", bonitinha e ordinária chamada Rebekah Brooks) não se resumem aos grampos, contratação de policiais para servir às redações, chantagens e agora à suspeita de assassinato do repórter que denunciou as trapaças.
Murdoch comprou a cidadania americana, burlou as leis americanas para impor-se ao sistema representativo e elegeu uma bancada de tarados e taradas da extrema direita, responsável por um impasse fiscal inédito em 235 anos de história dos EUA. É um escárnio resumir as transgressões da máfia murdochiana à esfera da ética jornalística, seus crimes são de lesa-humanidade, lesa-pátria, lesa-democracia, lesa-justiça, lesa-civilização e até lesa-gramática, diante do baixo nível dos seus tabloides e telejornais da Fox.
A Inglaterra e os EUA não necessitam de novas leis, códigos e agências reguladoras para preservar a mídia impressa e eletrônica. As que existem são suficientes para garantir e defender a integridade do Quarto Poder. As duas potências carecem de um vigoroso reforço cívico para engajar o sistema judicial na defesa da democracia e do interesse público.
O problema do Equador é exatamente o mesmo: um Judiciário que aceita apalhaçar-se como o fez o juiz Juan Paredes leva o Estado de Direito à era dos tacapes e do terror. Como todos os presidentes do mundo democrático, Rafael Correa tem queixas contra a imprensa. Barack Obama também, especialmente contra Murdoch, porém jamais recorreria a uma brutalidade semelhante.
A toga prostituída vale tanto quanto uma manchete prostituída. O populismo é o perigo e hoje ele não tem cor, nem convicção, é apartidário, serve igualmente aos nostálgicos da Inquisição e do fascismo, serve ao mercado e ao feudalismo. O Brasil está longe dessas caricaturas institucionais e degradações culturais, mas não pode se alhear, nem encasular-se no relativismo. Também corremos sérios riscos se não desenvolvermos uma consciência contra os abusos da imprensa e as tentações da mordaça judicial.
Alberto Dines é jornalista.
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