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O afterschooling é uma prática de homeschooling parcial. É mais ou menos o que algumas mães fizeram na pandemia de SARS-COV-2. Ah, não. Não. Eu não estou falando de ligar o computador e conectar o filho à professora de ensino a distância. Quando comecei a escrever o livro de histórias de famílias educadoras, descobri que ainda havia mães preocupadas com a educação dos filhos.
Em vez de navegarem no TikTok ou de alimentarem os gatinhos eletrônicos, elas acompanhavam as aulas e as atividades escolares. Foi assim que muitas descobriram que os filhos logo entrariam na adolescência sem interpretarem texto e sem compreenderem as quatro operações básicas da matemática. Então, arrogando a responsabilidade pelo próximo engenheiro, advogado e empresário do país, começaram, aos poucos, a reensiná-los.
No ensino domiciliar, cada criança é livre para desenvolver passatempos e responsabilidades de interesse. Explorar as habilidades e as particularidades de cada filho é uma tarefa especialmente domiciliar
Há um ditado popular que diz “quem paga mal paga duas vezes”, mas ele não se aplica aqui. Neste caso, pagando caro, barato, certo, errado ou não pagando nada (teoricamente), o resultado costuma ser o mesmo: analfabetos funcionais com doutorado em empatia e democracia. Embora estas mães tenham se decepcionado com o sistema escolar e assumido integralmente o ensino das crianças, o afterschooling pode ser a alternativa para pais preocupados com a perseguição jurídica e inseguros com a capacidade que possuem de lecionar.
Conversar sobre o que foi ensinado e analisar o material didático (e paradidático)são formas de estar ciente do serviço ofertado pela escola. Corrigir e reforçar os estudos, estimular a leitura (pelo exemplo) e o contato com a natureza, selecionar o conteúdo digital consumido, elaborar passeios, visitas e experimentos didáticos são formas de participar ativamente do desenvolvimento infantil.
E se o homeschooling de uma família puder ser o seu afterschooling? Imagine os seus filhos criando abelhas no quintal e produzindo o própolis da família. Como seria se eles confeccionassem a própria revista em quadrinhos e se tornassem pequenos cozinheiros nas horas vagas? E se eles declamassem poemas nas apresentações da escola? O que acharia de vê-los no jornal como recordistas de leitura da biblioteca municipal? Espere só até eles começarem a dar aulas de xadrez ainda no ensino médio e começarem um clube de leitura infantil!
No ensino domiciliar, cada criança é livre para desenvolver passatempos e responsabilidades de interesse. Explorar as habilidades e as particularidades de cada filho é uma tarefa especialmente domiciliar. Não espere que a escola descubra no seu filho o dom da pintura, da atuação, do canto ou da dança. Não confie à escola a formação integral, a aptidão intelectual e o balizador moral. Da mesma forma, não estabeleça parâmetros elevados ou desconexos com o estilo de vida da família.
É absolutamente normal que um adolescente superestimulado por telas não se interesse de repente pela leitura. E tudo bem se a sua filha não consegue ler a quantidade de livros que a filha de alguém leu em um ano. No ensino domiciliar, os pais esquecem a competição porque estão preocupados demais com a formação integral dos filhos. Você pode fazer o mesmo parcialmente, com o afterschooling.
Isadora Palanca é escritora, ghostwriter e mediadora de conflitos extrajudiciais, com formação em Direito e especialização em Direito e Processo Civil. É autora dos livros “Ensino domiciliar na política e no direito” e “Regulamentações do ensino domiciliar no mundo”, e procura famílias que pratiquem o homeschooling fora do Brasil para o próximo livro.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos