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Agressões nas escolas: a responsabilidade é de todos

É comum ouvirmos, enxergarmos, lermos e até visualizarmos bem de pertinho situações de agressões em qualquer lugar. Quando se fala em escola, tem-se um sentimento diferente. Esse repúdio social à violência dentro da escola deveria, sim, vir junto com um enorme questionário para avaliarmos o porquê da briga em ambiente escolar entre crianças e adolescentes.

Em primeiro lugar, observar o todo é extremamente necessário, pois a escola tem se tornado o primeiro ambiente social que a criança vive e nele iniciam os primeiros "nãos" que recebe. Temos nas mãos uma geração educada pelas famílias, ganhando e tendo tudo, não conhecendo a palavra não, não vivendo o dividir, o não ter e o esperar. Quando chegam às escolas, essa geração de crianças e adolescentes começa a viver com os nãos, com as negações às suas vontades, pois estão convivendo com o social, comportamentos coletivos que são obrigados a trilhar, mas para o qual não foram preparados.

Pensemos em um pequenino, rei da sua casa, da sua família, filho único, neto único, tudo único. Ele não será todos os dias o primeiro da fila, ele não será atendido em todos os momentos pela professora e terá de perceber que os outros também têm vez e voz. Fazer parte da coletividade é um dos pontos mais conflitantes para o ser humano.

Em segundo lugar, ouvir o outro, se colocar no lugar do outro, não é disciplina ou conduta ensinada às crianças de hoje. Impera o que eu quero, quando quero. Como na escola são muitos que querem tudo ao mesmo tempo, os conflitos começam a dar sinais, pois assim o poder aparece e continuam em um ganha ganha infinito, muitas vezes pela violência.

A escola é sim um espaço civilizador. É nela que o ser humano inicia seu estágio para conviver verdadeiramente com a civilização. Nesse espaço, a violência começa com pequenos conflitos e indisciplinas. Se eles não forem trabalhados com qualidade pelos adultos que nela estão inseridos, invariavelmente crescerão e se tornarão um problema muito maior.

A escola, com seu papel de formadora, não pode terceirizar para porteiros ou monitores os problemas e conflitos entre os alunos. Ela precisa trazer para si, junto com as famílias, os relacionamentos mal resolvidos e conversas mal acabadas, pois a violência entre os educandos é sempre coisa pequena que, quando mal resolvida, ganha dimensões muito maiores. E esse problema é sentido no ambiente escolar, pois sempre um aluno abre a guarda, contando para algum adulto a situação. A escola se preocupa com os conteúdos, mas conteúdo não se aprende em situação de sofrimento.

Não existe um professor que não consiga resolver conflitos. Existe aquele que não quer resolver, que não tira tempo para isso. A resolução de conflitos não precisa de curso ou aperfeiçoamento, basta o professor querer abrir mão do conteúdo para auxiliar os seus educandos no processo de viver em sociedade.

Acreditar na escola com autonomia e diálogo se faz necessário, pois ela existe. Uma instituição que ouça o aluno, em toda a sua dimensão, que debata os problemas, os conflitos sociais e familiares, que gere nos educandos uma sinergia de autocomprometimento e ajuda mútua. Desta escola é o que precisamos hoje.

Esther Cristina Pereira, diretora da Escola Atuação, de Curitiba (PR).

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