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A nossa responsabilidade é altamente re­­levante pela alteração de qualidade de nossos rios

Água, um bem indispensável à vida na Terra, um líquido precioso que deveria estar sendo tão protegido quanto todos aqueles que nos são importantes no mundo. Mas a realidade não é bem assim. A busca pelo desenvolvimento e consumo sem critérios está proporcionando a perda da qualidade de uma água que representa vida para a maioria das espécies além do ser humano. Fauna e flora dependem deste bem natural, proporcionando equilíbrio de sobrevivência.

Mas já nos perguntamos se somos responsáveis por esta perda de qualidade de nossa água? Isso é poluição? Um rio se inicia de nascentes naturais, límpido, cristalino, com oxigênio suficiente para gerar e distribuir vida, abastecendo com qualidade todos os que dele necessitarem. Isso se em seu curso natural não recebesse outros despejos que não fossem outros rios de boa qualidade.

O que acontece, infelizmente, é que em seu percurso até o mar, segue recebendo outros afluentes (rios menores que desaguam nele) contaminados e águas servidas que podem vir de indústrias ou esgotos gerados pelo homem. Tais águas servidas (efluentes), se não bem tratadas antes de seu lançamento, misturam-se com a limpa do rio receptor e transformam sua qualidade, pois nesses efluentes estão todos os resíduos descartados que não foram aproveitados em processos industriais e em nosso organismo.

Assim sendo, a nossa responsabilidade é altamente relevante pela alteração de qualidade de nossos rios. À medida que jogamos mais e mais material contaminante sem controle, há mais saturação em seus leitos e, consequentemente, as águas captadas para distribuição terão de sofrer tratamentos mais pesados, com mais produtos, alterando cada vez mais a qualidade e o custo de fornecimento.

Os rios têm condições de se autodepurarem, ou seja, o próprio corpo hídrico "se limpa". Por exemplo, o Rio Iguaçu tem a nascente em Curitiba e está muito contaminado, mas chega em Foz do Iguaçu praticamente sem essa poluição, só que a autodepuração depende da dose de poluentes que é lançada na água e isso está diretamente ligado aos hábitos da população, ao que ela está acostumada a jogar no "ralo" de sua casa.

Portanto, as pessoas podem ajudar a proteger os rios com atitudes simples. A separação do lixo é uma grande forma de contribuição à redução da poluição, pois quanto menos lixo for para o aterro, menor será a geração de chorume (líquido gerado na decomposição do resíduo no aterro), o qual pode contaminar o solo, as águas superficiais e as águas subterrâneas, além de necessitar de um tratamento de alto custo devido as cargas serem muito elevadas desse material. Além disso, a falta de separação reduz a vida útil dos aterros, causando problemas para as cidades. O uso indiscriminado de produtos de limpeza, o material jogado na tubulação de esgoto e o consumo excessivo de água também levam a uma contaminação significativa no meio.

Outra questão é a população questionar os órgãos públicos sobre o tratamento do esgoto em suas cidades ou até mesmo em suas residências. Em tese, todo o esgoto gerado deve ir para uma rede coletora da companhia de água e esgoto, seguindo então para uma estação de tratamento que permita uma remoção dos compostos poluentes em alta eficiência, fazendo com que o esgoto seja lançado no rio sem alterar suas características, ou até mesmo sendo reaproveitado para irrigação, lavagem de calçadas, veículos, entre outros usos que não potabilidade.

O esgoto bem tratado não tem odor, é límpido e praticamente isento de bactérias e coliformes. Então, se a rede passa na frente de sua casa, não esqueça de fazer a ligação, pois se isso não ocorrer, seu esgoto sai na rede de água de chuva, que leva diretamente ao rio seu excremento sem qualquer tratamento e irá poluir o corpo hídrico que pode estar sendo fonte de captação para abastecimento de sua própria residência.

É responsabilidade da população ter este cuidado, já que cada pessoa lança em média 54 gramas de carga poluente por dia. Se formos pensar no número de pessoas que lançam esses efluentes nos rios, é um número extremamente elevado.

Fica então uma reflexão para todos: estamos sendo colaboradores para transformar a qualidade de nossas águas para termos um planeta cheio de vida ou um planeta em agonia?

Maria Rosí Melo Rodrigues é engenheira sanitarista.

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