Os números reais da economia do Paraná mostram que, para atravessar a segunda metade de 2016, serão necessárias novas medidas amargas para equilibrar as contas públicas. Essa mensagem, em tom claro e objetivo, foi colocada pelo governador Beto Richa para as lideranças empresariais paranaenses, numa reunião no Palácio Iguaçu, dias atrás. A franqueza do governador estabeleceu um novo patamar para o diálogo entre o governo e as classes produtoras, firmado pela circunstância atual, em que não existe mais espaço para o improviso, e pior, para um jogo de cena no qual as partes ensaiam o enredo e constroem o próprio cenário.

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Vivemos, de fato, um momento grave na economia do Paraná, em que a arrecadação, fonte primordial dos recursos do caixa, vem minguando, influenciada pela crise brasileira, e os custos do governo aumentando, como consequência da necessidade de o Estado investir para auxiliar a combater a mesma crise e, também, do aumento orgânico dos custos da máquina pública, que se dá em função do arcabouço legal existente. Diante do quadro, poderemos chegar ao fim de 2016 sem dinheiro suficiente para atender os compromissos mais básicos, como pagar integralmente o funcionalismo. Não há, pelo menos no alcance dos últimos 50 anos, uma situação de fragilidade tão significativa nas finanças do Paraná.

Vivemos um momento grave na economia do Paraná

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Os empresários sabem medir o tamanho da crise porque foram os primeiros a passar pelas consequências do ajuste fiscal de 2015. Muitos não resistiram e fecharam as portas. Outros vêm se adaptando à redução do consumo paranaense, que impacta duramente as vendas e paralisa a visão do futuro.

O primeiro ponto convergente entre governo e as classes produtoras é que todo mundo quer sair da crise. Nisso todos concordamos. Mas – e aí começa, de fato, a conversa franca e aberta e a disposição para enfrentarmos o vendaval – estabelecemos princípios e ações com as quais o governo deverá se comprometer. É simples e essencial: vamos trabalhar muito, que é do nosso feitio e de nossa responsabilidade. O governo, da sua parte, deverá tomar medidas práticas, cortar gastos e tomar medidas para dar sustentabilidade à nossa economia.

Para que todo esse conjunto possa ser concebido, delineado e implantado, será necessário um grande esforço de toda a sociedade. Nós, empresários, temos consciência disso e já deixamos claro nosso alinhamento ao apelo do governo do Paraná.

A classe trabalhadora, as organizações produtoras, os dirigentes públicos de todos os níveis e esferas, sejam do Executivo, Legislativo ou Judiciário, deverão dar as suas contribuições para que possamos construir as condições mínimas necessárias para enfrentar essa difícil situação e, desta forma, permitir que o Paraná retome o seu caminho de crescimento e prosperidade, que é o que mais almejamos.

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Marcos Domakoski, empresário, é presidente do Movimento Pró-Paraná e ex-presidente da ACP.