Em 10 de setembro, a Amazon divulgou o início do serviço Prime aqui no Brasil, notícia que mexeu com os ânimos e o otimismo do varejo nacional. Este novo modelo de ofertas impacta em um dos pontos fracos de nosso país, que é a eficiência logística. Afinal, há boas empresas cobrando caro para entregar em prazos nada amigáveis.
Historicamente, sabe-se que a indústria automobilística norte-americana tinha “medo” da japonesa por sua eficiência fabril (com ênfase para o modelo Toyota); que a indústria japonesa temia a coreana por sua eficiência logística (você sabia que a Kia termina a construção de seus carros no navio?); e que a indústria coreana temia a chinesa por, bem, ser chinesa. Ao fazer uma correlação com esta premissa e diante de algumas análises sobre o mercado, acreditamos que a verdadeira ameaça para o varejo nacional não está na Amazon. Pensamos que está no Oriente e chama-se Alibaba.
A Alibaba é disruptiva e tem potencial para tornar irrelevante a forma como pensamos o varejo
A Alibaba não é, ao contrário do que muitos pensam, a "versão chinesa da Amazon". Na verdade, é completamente diferente: trata-se de uma empresa que não mantém estoque e se posiciona como uma facilitadora de vendas, tanto para os meios digitais como para os meios tradicionais.
Em 2009, “orquestrou”, meio que sem querer, o surgimento do Dia dos Solteiros – a maior data de vendas no calendário chinês, muitas vezes maior que a Black Friday e Cyber Monday americanas combinadas. Em 2014 esta ação já facilitava 325 mil transações e 256 mil pagamentos por segundo. Até 2036, a companhia espera servir mais de 2 bilhões de clientes, criando mais de 100 milhões de empregos, empoderando mais de 10 mil empresas dentro e fora da internet.
“Se o ritmo de mudança interna de uma organização for mais lento do que o ritmo de mudança externa, o fim está próximo. A única questão é quando.” Mais uma vez, a máxima compartilhada pelo executivo da GE Jack Welch há quase 20 anos sobre a importância de as empresas serem rápidas para mudar se mostra verdadeira. O varejo nacional tem de se valer da criatividade brasileira característica para poder responder de forma eficiente.
- The end is coming: Como o Netflix está com os dias contados (como conhecemos) (artigo de João Gabriel Chebante, publicado em 7 de setembro de 2019)
- Em defesa dos aplicativos (artigo de Bernardo Santoro, publicado em 11 de abril de 2017)
- Maldita economia 0800! (artigo de Hugo Eduardo Meza Pinto, publicado em 17 de agosto de 2019)
Movimentos como esse são impulsionadores para transformação de negócios por meio de recursos digitais. Ou seja, transformação digital muito além do discurso vazio e de forma bem tangível. Não temos dúvidas de que nossa indústria conseguirá ser, outra vez, bem-sucedida e sabemos que, no fim, o ecossistema como um todo avançará em benefício dos consumidores.
O Amazon Prime é expressão da inovação incremental feita do jeito certo, por isso causa desconforto aos competidores. Entretanto, a Alibaba é disruptiva e tem potencial para tornar irrelevante a forma como pensamos o varejo hoje.
Elemar Júnior é CEO da ExímiaCo.
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