A goleada que o Brasil levou na semifinal da Copa do Mundo disparou uma busca por culpados e muita gente está quebrando a cabeça na busca por soluções. Entre os alvos prioritários está a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), entidade máxima do futebol no Brasil e hoje presidida por José Maria Marín, que infelizmente teve seu nome mais uma vez atrelado a situações constrangedoras, como o desvio de ingressos destinados a ele, mas que foram comercializados e utilizados por pessoas comuns (sem nenhuma ligação com a CBF) que desejavam ver os jogos da Copa.
Mas não é apenas a CBF: todo o modelo de organização do futebol no Brasil precisa ser repensado, porque a maioria dos clubes, nesse aspecto, parou no século passado. Os clubes não têm agilidade para tomada de decisões e implantação de medidas relativamente práticas em razão de conselhos e mais conselhos que até hoje perduram. É uma estrutura realmente antiga, engessada e que não reflete o mundo de hoje do futebol, que é dinâmico e se tornou um ambiente de negócios feitos em uma velocidade alta demais para o modelo de tomada de decisões dos clubes. Não existem milagres, mas há, sim, soluções; só é preciso saber que se trata de um processo que não se resolve da noite para o dia.
O futebol brasileiro, pentacampeão, vai muito bem na medida em que é uma atividade econômica importante que gera emprego, renda e produz matéria-prima de qualidade inigualável para o país e para o mundo, sendo um berço de exportação. No entanto, pode ser muito melhor se tiver uma administração mais moderna, eficiente e adequada ao volume da atividade nos dias de hoje. Existe um longo caminho para que o futebol brasileiro tenha o desempenho que ele pode ter comparado à Europa e aos Estados Unidos.
Atualmente os clubes de futebol estão melhorando. Podemos ver, em um período de 12 anos, uma evolução significativa em todos os clubes profissionais do Brasil. A parte administrativa hoje é muito melhor do que foi antigamente. Antes era difícil encontrar profissionais de alto nível no quadro de funcionários dos clubes; eles participavam da administração, mas como voluntários (existindo ainda no modelo Fifa). Normalmente eram profissionais bem-sucedidos, por exemplo, que se dedicavam, em seu tempo livre, a participar do clube. Não tínhamos profissionais desse gabarito com dedicação exclusiva, mas na última década eles já passaram a ocupar espaços importantes dentro dos clubes, em atividades que dão suporte à prática desportiva, como os departamentos jurídico e financeiro, e que no mundo de hoje são fundamentais para a boa administração do clube. Ainda não se atingiu um patamar de excelência, mas é muito bom que o futebol esteja atraindo pessoas que poderiam estar trabalhando em qualquer outra indústria.
Mas, é claro, nem tudo se desenvolve como deveria. Os clubes do interior ainda perduram no modelo antigo, seja pela falta de investimento ou até mesmo em razão da falta de interesse e de conhecimento de empresas em investir e acreditar nesses clubes, fazendo de seu modelo de gestão uma espécie de "feudalismo" institucionalmente engessado. E mesmo em clubes grandes, em comparação com outros times europeus, o marketing ainda não foi aproveitado como se deve vou além: ele é explorado apenas como a ponta de um iceberg, no qual existe toda uma montanha de ações que podem ser vistas, mas não há quem pense ou saiba como explorar isso de imediato. São vários desafios a enfrentar para que os clubes e o futebol brasileiro como um todo retomem seu status de protagonistas do esporte mundial.
Luiz Felipe de Almeida Pereira é advogado e empresário nas áreas de Marketing Esportivo e Assessoria Jurídica.
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