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Foto tirada em janeiro de 2015 do encontro de lideranças europeias e de Israel após atentado terrorista em Paris.
Foto tirada em janeiro de 2015 do encontro de lideranças europeias e de Israel após atentado terrorista em Paris.| Foto: Patrick Kovarik/AFP

Na década de 30, na Europa, era comum ver placas e faixas com os dizeres: “judeus, vão para a Palestina”. Hoje, nessa mesma Europa, é comum ver cartazes e faixas com os dizeres: “judeus, saiam da Palestina”.

O continente europeu foi palco das maiores revoluções da humanidade, boas e ruins, e foi casa do povo judeu, espalhado na diáspora, por mais de um milênio. A vida dos judeus na Europa nunca foi simples. Perseguidos por causa da sua religião, raça, etnia e, hoje em dia, porque possuem um país nacional, judeus sempre tiveram relações equidistantes com a Europa.

A existência de um Estado judeu seguro e soberano não é apenas um direito primordial de autodeterminação nacional, mas uma necessidade suprema de segurança

Após a Segunda Guerra Mundial, na Alemanha, judeus foram sempre recebidos de braços abertos pelos sucessivos governos alemães que, na tentativa de consertar o passado, criaram um ambiente educacional que ensinou a toda uma geração os horrores do Holocausto. Dentro desse contexto, a Alemanha se preocupou em criar um cargo, em 2018, responsável pela comunicação do governo alemão com a comunidade judaica alemã: Comissário para Vida Judaica na Alemanha e Luta Contra Antissemitismo, baseado no Ministério Federal do Interior, Construção e Comunidade.

Esse cargo é uma resposta ao debate sobre o crescente antissemitismo na Alemanha e sobre o que o governo federal alemão pode fazer para coibir este fenômeno. O comissário em questão é cercado por um círculo independente de conselheiros, judeus e não judeus, oriundos do mundo acadêmico e sociedade civil. Esses conselheiros são apontados pelo governo federal alemão.

Há alguns dias, Felix Klein, comissário para Vida Judaica na Alemanha e Luta Contra Antissemitismo, declarou que recomendava que judeus não usassem a Kipá (o solidéu) em determinadas regiões do país. Essa recomendação vem a reboque do aumento de ataques antissemitas em toda a Europa, incluindo na própria Alemanha. Ataques estes que são provenientes ora da extrema-direita nacionalista alemã, ora de radicais islâmicos que moram na Alemanha.

Leia também: Causas e soluções para o terrorismo islâmico (artigo de Marcelo Brandão Cipolla, publicado em 4 de julho de 2018)

Leia também: O terrorismo e a luta do bem contra o mal (artigo de Alexandre Nigri, publicado em 30 de julho de 2017)

Acredito que a história do mundo é cíclica e existem forças e tendências que sempre aconteceram e voltarão a acontecer na humanidade. O antissemitismo existe desde que os judeus existem, há milhares de anos. O ódio gratuito aos judeus muda de tempos em tempos na forma e nas justificativas para sua existência. Não acredito que o antissemitismo irá desaparecer; podemos, apenas, diminuir sua influência e sua magnitude através de leis e severidade contra crimes de ódio.

Em 2019, quando uma autoridade do governo federal da Alemanha recomenda que judeus não usem um símbolo judaico em certos locais da Alemanha, entendemos que, seja em 1930 ou em 2019, a existência de um Estado judeu seguro e soberano não é apenas um direito primordial de autodeterminação nacional, mas uma necessidade suprema de segurança.

André Lajst, cientista político e mestre em Contraterrorismo e Segurança Nacional, é diretor-executivo da StandWithus Brasil.

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