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Opinião do dia 2

Apagão nas estradas

Estamos muito próximos de um apagão nas estradas, uma vez que nosso setor é responsável por mais de 60% das cargas movimentadas no Brasil

O crescimento econômico no Brasil é barrado por velhos conhecidos problemas. A falta de infraestrutura logística, principalmente nas estradas, portos e aeroportos são limites visíveis para o bom andamento da economia brasileira.

Vivemos isso todos os dias no transporte rodoviário de carga. Mesmo quando o governo faz o maior investimento da história em estradas (foram investidos R$ 10,3 bilhões pela União no setor em 2010, um crescimento de 700% em relação ao que era aplicado no início da década), a situação geral da malha rodoviária brasileira, acreditem, piorou.

Prova disso é a Pesquisa de Rodovias 2011, da Confederação Nacional do Transporte (CNT). Segundo o levantamento, a quantidade de estradas consideradas ruins ou péssimas subiu de 25,4% para 26,9% em relação à pesquisa do ano passado. Na mesma comparação, os trechos ótimos caíram de 14,7% para 12,6%. Com este resultado, fica claro que estamos muito próximos de um apagão nas estradas, uma vez que nosso setor é responsável por mais de 60% das cargas movimentas no Brasil.

Os recursos utilizados nesse setor não são suficientes. Além disso, foi noticiado nos últimos dias que nem metade do dinheiro arrecadado pelo governo federal com a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) foi gasto com o setor de transporte nos últimos nove anos. Esse tributo, incidente sobre a comercialização de combustíveis, foi criado em 2001 para financiar a infraestrutura de transportes e programas ligados ao setor. Infelizmente, a maioria dos recursos pagos pelos consumidores quando abastecem seus veículos é usada para cumprir o superávit primário do governo federal. A CNT mostrou que, de 2002 para cá, a União arrecadou R$ 70 bilhões com a Cide. Mas, desse total, apenas R$ 29,3 bilhões seguiram a destinação original prevista em lei.

Mais uma vez, os recursos arrecadados no Brasil são desviados do seu próprio fim. A situação é grave, e não tem indícios de mudar. Pagamos um alto preço pelas estradas ruins. Como mostrou a Confederação Nacional dos Transportes, a atual condição das rodovias causa prejuízos que, se contabilizados, revelam um valor superior ao necessário em investimentos de recuperação. As 8,5 mil mortes em rodovias federais em 2010 custaram R$ 14,1 bilhões ao país. Além disso, o transporte de carga fica 13% mais caro por causa das condições das pistas.

Até quando vamos ver isso acontecer sem mudanças concretas? Estamos cheios de promessas que não são cumpridas. Mais que isso, estamos cansados de sermos tratados com tamanha ingenuidade.

Gilberto Antonio Cantú é presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná (Setcepar).

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