Após um ano de situação de atenção, com restrições, cuidados, perdas e danos econômicos a todos, o que mais precisamos neste momento é de vacinas e paciência. Paciência temos; afinal, já se passou um ano e os que estão de pé continuam aguardando vacinas. Se existem problemas na aquisição de mais vacinas devido à demanda, e aos poucos locais que as produzem, é preciso que você lembre que eles estão produzindo para vários países.
Neste momento, o que mais precisamos é de atitudes realmente positivas com a intenção de acabar com essa situação que, além de tirar vidas, levou ao fechamento de inúmeros estabelecimentos, impactando de forma negativa a saúde econômica de centenas de famílias e, em seguida, a saúde emocional e física. Como agir para que isso acabe e mais famílias não entrem nessa triste situação? Com kits medicamentosos sem comprovação científica? Não. Com discursos políticos e panelaços? Também não. Mas sim com atitudes inteligentes, diferente deste pseudolockdown que serve apenas para agravar a situação econômica e emocional.
Um lockdown real é utópico, inviável neste momento em que estamos. Precisamos de atitudes como a dos empresários Luciano Hang e Carlos Wizard. Pouco importa se você gosta deles ou não; o que importa agora é que eles podem e querem comprar vacinas para imunizar seus funcionários, e doar algo em torno de 10 milhões de vacinas para o SUS. Isso é uma atitude positiva; seu sentimento, seja ele a favor ou contra essas duas figuras públicas, não estimula o sistema imune das pessoas a produzir defesa contra o vírus. Portanto, não perca seu tempo discutindo coisas pequenas. Pense em acabar com essa situação de reclusão em que estamos vivendo.
Não acredito em “novo normal”; acredito que iremos incorporar alguns comportamentos daqui em diante como, por exemplo, o uso de máscaras quando a pessoa está com uma gripe. Em respeito aos demais, passaremos a usar máscaras enquanto estivermos gripados. Mas, como bons latinos, voltaremos assim que possível, e permitido for, a aglomerar e a ter a vida normal como era antes. Até chegarmos a essa situação, que pode e deve ocorrer ainda esse ano, temos de vacinar a população. Quanto mais vacinas, melhor. Temos condições de vacinar mais rápido que outros países, temos conhecimento para fazer isso e profissionais que podem participar – só nos faltam as vacinas. É obrigação dos governos municipais, estaduais e do governo federal acelerar a obtenção destas vacinas e, se tivermos ajuda de empresários como esses dois, melhor ainda.
Neste ano vamos sair vencedores desta guerra contra o Sars-CoV-2. Deixemos disputas políticas para o próximo ano. Hoje são esses dois empresários, tomara que amanhã recebamos a notícia de mais empresários comprando vacinas, imunizando seus funcionários e doando o excedente ao SUS. Antes que alguém critique o fato de eles comprarem e não doarem tudo, imunizando seus funcionários, lembre-se de que isso é o que eles devem fazer. Cuidar de sua equipe e, consequentemente, de seus negócios. Que sirvam de exemplo a todos os governantes, que passem a pensar no seu município, no seu estado e no seu país. Corram e comprem mais vacinas, e só espero que consultem a Anvisa no meio dessa correria.
Benisio Ferreira da Silva Filho é biomédico, mestre em Ciências da Saúde, doutor em Biotecnologia e em Biologia Celular e Molecular, e coordenador do curso de Biomedicina da Uninter.