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Após um longo período de incertezas, o mercado financeiro começa a dar mostras de otimismo. Apesar disso, o cenário empresarial ainda é bastante preocupante, com grandes obstáculos a serem ultrapassados e problemas a serem solucionados. Nesse contexto, as empresas, principalmente no Brasil, buscam inspiração apenas no próprio mundo empresarial, e isso não é de agora.

A maior parte da educação formal de nosso mundo corporativo ainda presta pouca atenção ao que se chama de administração ecológica, e com isso joga no lixo um número quase infinito de informações e soluções que sobreviveram à prova do tempo no mais preciso dos laboratórios: a realidade. Mudanças de paradigmas têm pouco, ou nada, a ver com vontade. Quando ocorrem, é por necessidade. Esse momento está chegando, e a administração ecológica, parece ser o único movimento atualmente capaz de trazer a transformação que se faz necessária.

Incentivar empresários e funcionários, em especial aqueles das altas administrações, a entrar em contato com a natureza, observando-a cuidadosamente, sem a intenção de ignorar ou menosprezar os avanços do mundo moderno, é, com certeza, um desafio que vale a pena abraçar

Pensar nos modelos de gestão empresarial de maneira ecológica, não significa somente proteger o meio ambiente, mas sim transformar o próprio olhar. Os negócios passam a ser vistos como sistemas vivos, e as pessoas, integrantes deste sistema, agem como unidades pertencentes a qualquer outro sistema biológico. Só esta percepção já permite novos paradigmas de negócios e gerenciamento onde todos os componentes aprendem com experiências anteriores e estão em constante mutação, e não simplesmente reagem como máquinas.

Algumas organizações vêm se destacando nessa missão. A The Natural Step, hoje espalhada pelo mundo, é uma delas. Rede global de desenvolvimento sustentável há 25 anos, ela atua em laboratórios, treinamentos, cursos e movimentos ativos com parceiros, para fazer com que as organizações em geral (empresas, terceiro setor, governos) consigam prosperar dentro dos limites dos recursos naturais existentes, através da observação atenta do mundo natural. Outra organização, a Biomimicry 3.8,também se dedica à causa, é a atual líder global em treinamentos profissionais, consultoria e programas educacionais de biomimética (‘imitação da vida’).

Esse movimento de inspiração da natureza busca compreender estruturas biológicas e modelos de sucesso que ocorrem na natureza, e aplicar esse conhecimento na solução de problemas nos mais variados campos, incluindo design, arquitetura, mecatrônica, eletrônica e matemática. Empresas como Boeing, Colgate-Palmolive, General Eletric, Nike, Procter & Gamble já beberam desta fonte no desenvolvimento de seus produtos e sistemas de gestão.

Incentivar empresários e funcionários, em especial aqueles das altas administrações, a entrar em contato com a natureza, observando-a cuidadosamente, sem a intenção de ignorar ou menosprezar os avanços do mundo moderno, é, com certeza, um desafio que vale a pena abraçar. Quem não quiser ter essa professora de 4,5 bilhões de anos, que é a Terra, vai se arrepender no futuro.

Caroline Said Dias é advogada, empreendedora ecológica e diretora do Instituto Ekôa
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