A aviação comercial brasileira se prepara para novos voos com a privatização dos aeroportos. Desde 2008, o modal vem passando por profundas transformações. Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o setor do transporte aéreo respondia por 43,9% das viagens interestaduais contra 56,1% do rodoviário. Em 2017, as viagens pela aviação comercial já respondiam por 67,5% de participação nesse mercado contra 32,5% do transporte rodoviário.
A tendência é de crescimento dessa indústria, que alcançou aproximadamente 115 milhões de passageiros em 2018. Esse novo panorama coloca o Brasil como o terceiro maior mercado de transporte aéreo do mundo, superado apenas pelos EUA (cerca de 1 bilhão de passageiros/ano) e a China (quase 550 milhões/ano). Os norte-americanos lideram essa indústria, que passou por profundas mudanças no final da década de 1970. Nesse período, foram estabelecidas as regulamentações que hoje chegam ao mercado brasileiro. A elevada renda da população e a menor opção de modais de transporte terrestre também contribuíram para alavancar a aviação comercial nos Estados Unidos.
O crescimento da aviação comercial regular vai impactar em outros setores, além de estimular a criação de novos serviços
O Brasil deve seguir a tendência mundial de crescimento, com projeções na casa de 5% de alta nas próximas décadas. Para sustentar esse crescimento alguns avanços são importantes, um deles é a desregulamentação em curso para o setor, derrubando barreiras que inibem a competição no território nacional. Algumas questões jurídicas precisam ser revistas para reduzir a insegurança, comprometendo a chegada de investidores.
Outro importante avanço começa a ser percebido pelo consumidor. As companhias aéreas low cost começam a chegar e mostram a possibilidade de oferecer passagens muito mais baratas diante da cobrança de cada item do preço do serviço. A composição e carga tributária no custo dos combustíveis é outro fator que traz impactos diretos no preço das passagens aéreas. O combustível representa mais de 20% dos custos operacionais diretos de um voo.
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As privatizações da infraestrutura aeroportuária são essenciais para novos avanços. A entrada da iniciativa privada nesse setor é fundamental para a expansão desse serviço e alivia o governo federal da obrigação de investir nesse setor, liberando recursos preciosos na atual conjuntura. A privatização dos aeroportos é um caminho para oferecer um mercado aéreo saudável e com infraestrutura dotada de modernas tecnologias já presentes em diversos aeroportos internacionais. Além de ampliar a segurança de voos, esses instrumentos são fundamentais para aumentar a capacidade de pousos e decolagens em qualquer situação climática enfrentada pelo aeródromo.
O crescimento da aviação comercial regular vai impactar em outros setores, além de estimular a criação de novos serviços. O mercado regional deverá ser o próximo passo dessa indústria, como já ocorre hoje nos EUA, onde as companhias maiores respondem pelas viagens de longos percursos e as empresas regionais são parceiras na conexão de passageiros entre diversas localidades. Para se ter uma ideia dessas possibilidades, o território brasileiro conta com aproximadamente 2.500 aeródromos registrados pela Anac, mas quase 100% dos embarques e desembarques internacionais, nacionais e regionais ocorrem em apenas 65 aeroportos.
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O crescimento dessa indústria deve trazer ainda outras boas oportunidades de negócios, a criação de milhares de novos empregos, aumento da arrecadação e a ampliação da malha aeroportuária. Com certeza, o brasileiro vai contar com muito mais opções de voos e serviços de melhor qualidade.
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